BRASÍLIA - O presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), admitiu em gesto inédito a possibilidade do partido lançar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como candidato à presidência da República em 2026. A declaração durante celebração do aniversário do partido em Brasília, nesta segunda-feira (25/8) à noite, responde o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que, mais cedo, afirmou que Tarcísio se filiará ao Partido Liberal se concorrer à presidência.
“Quem sabe se a conjuntura dos fatos permitir, teremos um candidato à presidência da República, não é, Tarcísio?”, perguntou Marcos Pereira diante de filiados e estrelas do partido, entre elas o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. A pergunta encerrou uma declaração contra a polarização do país e estacionando o partido no centro do espectro político.
“Não cedemos à lógica do nós contra eles. Acreditamos que o futuro do país não será escrito no grito ou nos discursos inflamados para gerar engajamento”, afirmou. “Não é a ideologia que vai botar a comida na mesa dos brasileiros. Precisamos de trabalho e renda”, acrescentou.
A citação de Marcos Pereira não é a única de filiados do Republicanos diante do desejo de sair à presidência com Tarcísio de Freitas. Durante a celebração, o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, chamou o governador de São Paulo de “meu presidente”. Antes dele, em sessão solene pelo aniversário do partido, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) defendeu que “é hora [do Republicanos] ter um presidente da República”.
As declarações ocorrem diante de um núcleo de presidentes partidários, que prestigiou o aniversário do Republicanos. Sentaram-se logo nas primeiras fileiras, diante de Marcos Pereira, os presidentes Valdemar, do PL, Gilberto Kassab, do PSD, e Baleia Rossi, do MDB.
O futuro político do governador Tarcísio é incerto. Publicamente, ele admite que concorrerá à reeleição para o Estado de São Paulo. A intenção pública é contraposta pelo desejo de aliados em lançá-lo candidato à presidência como herdeiro do capital político de Jair Bolsonaro (PL), que não poderá disputar o cargo porque o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o declarou inelegível por oito anos.
Tarcísio não esconde de interlocutores que pleiteia uma candidatura à presidência, mas é claro ao afirmar que dependerá da benção de Bolsonaro. A relação entre eles é antiga, e Tarcísio é cobiçado pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Nesta segunda-feira pela manhã, o mandatário do partido admitiu a possibilidade de Tarcísio trocar o Republicanos pelo PL para concorrer à presidência.
“O Tarcísio já declarou. Tive um jantar com ele um ano e meio atrás, e ele disse: ‘se eu for candidato [a presidente], vou para o PL’. Em um jantar com os governadores na terça-feira [19/8], ele falou na frente de cinco governadores: ‘sou candidato a governador, mas se eu for candidato a presidente, vou para o PL’”, declarou Valdemar após encontro de lideranças partidárias em São Paulo.