BRASÍLIA - Principal cotado para herdar o capital político de Jair Bolsonaro (PL), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cobrou um gesto do Congresso Nacional para “a pacificação nacional”. A declaração com referência indireta à proposta para anistiar os réus do 8 de janeiro ocorreu nesta segunda-feira (25/8) à noite, durante celebração do aniversário de 20 anos do Republicanos, em Brasília. 

“Precisamos de pacificação. O Congresso Nacional tem um papel fundamental, e não podemos permitir que ninguém tire essa prerrogativa do Congresso. O Congresso pode fazer um gesto no caminho da pacificação”, cobrou. “Trabalhar por uma verdadeira harmonia entre os Poderes, que hoje estão desequilibrados. Trabalhar pelo restabelecimento do equilíbrio”, completou diante do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que estava na plateia.

Ao contrário de seus aliados e membros do partido, Tarcísio evitou comentar sobre uma possível candidatura à presidência da República, mas, cobrou a posição do Congresso em sentido idêntico ao que a direita cobra. A aprovação do projeto de lei da anistia é uma das três prioridades da oposição na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. As outras duas são o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a proposta de emenda à constituição que acaba com o foro e garante julgamento de políticos na primeira instância.

"Quem sabe teremos um candidato à presidência, né, Tarcísio?"

O presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), admitiu em gesto inédito a possibilidade do partido lançar o governador de São Paulo como candidato à presidência da República em 2026. A declaração durante celebração do aniversário do partido em Brasília responde o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que, mais cedo, afirmou que Tarcísio se filiará ao Partido Liberal se concorrer à presidência.

“Quem sabe se a conjuntura dos fatos permitir, teremos um candidato à presidência da República, não é, Tarcísio?”, perguntou Marcos Pereira diante de filiados e estrelas do partido, entre elas o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. A pergunta encerrou uma declaração contra a polarização do país e estacionando o partido no centro do espectro político.

“Não cedemos à lógica do nós contra eles. Acreditamos que o futuro do país não será escrito no grito ou nos discursos inflamados para gerar engajamento”, afirmou. “Não é a ideologia que vai botar a comida na mesa dos brasileiros. Precisamos de trabalho e renda”, acrescentou.

A citação de Marcos Pereira não é a única de filiados do Republicanos diante do desejo de sair à presidência com Tarcísio de Freitas. Durante a celebração, o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, chamou o governador de São Paulo de “meu presidente”. Antes dele, em sessão solene pelo aniversário do partido, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) defendeu que “é hora [do Republicanos] ter um presidente da República”. 

O futuro político do governador é incerto. Publicamente, ele admite que concorrerá à reeleição para o Estado de São Paulo. A intenção pública é contraposta pelo desejo de aliados em lançá-lo candidato à presidência como herdeiro do capital político de Jair Bolsonaro (PL), que não poderá disputar o cargo porque o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o declarou inelegível por oito anos.

Tarcísio não esconde de interlocutores que pleiteia uma candidatura à presidência, mas é claro ao afirmar que dependerá da benção de Bolsonaro. A relação entre eles é antiga, e Tarcísio é cobiçado pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Nesta segunda-feira pela manhã, o mandatário do partido admitiu a possibilidade de Tarcísio trocar o Republicanos pelo PL para concorrer à presidência.

“O Tarcísio já declarou. Tive um jantar com ele um ano e meio atrás, e ele disse: ‘se eu for candidato [a presidente], vou para o PL’. Em um jantar com os governadores na terça-feira [19/8], ele falou na frente de cinco governadores: ‘sou candidato a governador, mas se eu for candidato a presidente, vou para o PL’”, declarou Valdemar após encontro de lideranças partidárias em São Paulo.