BRASÍLIA - O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias, avalia que a anistia não avançará em Brasília após as declarações “desastrosas” do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), durante o 7 de Setembro.

“As declarações do Tarcísio foram tão desastrosas que nos ajudaram muito a afastar a possibilidade de votação da anistia”, analisou nesta terça-feira (9/9) na chegada ao Supremo Tribunal Federal (STF), de onde vê o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus por suposta tentativa de golpe de Estado.

“Mudou muito [o clima] de semana passada para cá. O que mudou? O ato de domingo, e em especial o papel do Tarcísio, as declarações encaradas como desastrosas e a resposta dura do próprio Supremo através de seu decano [ministro Gilmar Mendes]”, continuou. "Tudo interfere no Parlamento. Creio que o Parlamento não vai querer enfrentar uma briga aberta [com o Poder Judiciário]", acrescentou.

Farias se refere às críticas e aos ataques que Tarcísio dirigiu ao Supremo e ao ministro Alexandre de Moraes durante o ato marcado pela direita em São Paulo no domingo (7/9). "Por que vocês estão gritando ["Fora, Moraes"]? Talvez porque ninguém aguente mais. Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes. Ninguém aguenta mais o que está acontecendo nesse país", disse Tarcísio.

Cotado para substituir Bolsonaro na eleição presidencial, o governador de São Paulo dividiu o trio elétrico com figuras de prestígio da direita. Ali estavam a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o pastor Silas Malafaia.

A declaração de Tarcísio repercutiu mal no Supremo. Horas depois, o ministro Gilmar Mendes rebateu indiretamente o governador.

“O que o Brasil realmente não aguenta mais são as sucessivas tentativas de golpe que, ao longo de sua história, ameaçaram a democracia e a liberdade do povo. É fundamental que se reafirme: crimes contra o Estado Democrático de Direito são insuscetíveis de perdão. Cabe às instituições puni-los com rigor e garantir que jamais se repitam”, publicou em uma rede.

O posicionamento de Gilmar Mendes endossa o apoio da Corte ao julgamento de Bolsonaro e outros réus da trama golpista na Primeira Turma do STF. As sessões foram retomadas nesta terça-feira. Em sua manifestação, o decano ainda se antecipa com uma crítica direta à anistia.

Ele lembra que, pela jurisprudência, crimes contra o Estado, como aqueles que são imputados a Bolsonaro, não são passíveis de anistia. O ministro manda um recado ao Congresso Nacional, indicando que uma anistia aos réus por esses crimes é inconstitucional e não será aceita pela Corte.