Senado

Cid Gomes usa quadro negro para criticar ações de Campos Neto no Banco Central

Senador entregou boné do Santander para presidente do Banco Central, que passou 18 anos no banco privado: 'pegue o seu bonezinho e peça para sair'

Por Lucyenne Landim
Publicado em 25 de abril de 2023 | 12:25
 
 
 
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O líder do PDT no Senado, Cid Gomes (PDT-CE), usou um quadro negro e giz branco para fazer cálculos econômicos e criticar as políticas defendidas pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. O episódio foi protagonizado nesta terça-feira (25), na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Campos Neto foi chamado para explicar a taxa de juros e os índices relacionados à inflação.

Atualmente, os juros, definidos pela Taxa Selic, estão em 13,75% - o maior índice em seis anos. Em tom de crítica à atuação do presidente do Banco Central, o senador afirmou que o Brasil poderia ter cifras bilionárias nos cofres públicos de praticasse outro tipo de taxa de juros. Com os recursos, na avaliação de Cid Gomes, seria possível aumentar os valores do Bolsa Família, de programas habitacionais e do salário mínimo.

Em vez disso, segundo o parlamentar, o "governo faz papel de Robin Hood às inversas". "O Robin Hood tirava dos ricos para distribuir entre os pobres. O governo brasileiro, leia-se Banco Central, tira dos pobres e do Orçamento da União R$ 510 bilhões para concentrar na mão de ricos", declarou.

Antes, Campos Neto havia afirmando que se o Comitê de Política Monetária (Copom), o qual integra como presidente do BC, não tivesse elevado a taxa de juros em agosto de 2022, durante o período eleitoral, a inflação estaria em 10% e a Selic em 18,75%. A medida foi necessária, segundo ele, para conter a inflação.

Logo depois de usar o quadro negro, Cid Gomes deu a Campos Neto um boné com a logomarca do Santander, banco privado em que o atual presidente do Banco Central atuou por 18 anos. 

"No Banco Central, as pessoas vêm e voltam para o mercado financeiro. De maneira, senhor presidente, com todo respeito, me perdoe, mas nessa hora eu queria fazer uma sugestão: pegue o seu bonezinho e peça para sair, por favor", disse o senador. O acessório foi entregue a Campos Neto e colocado de lado na mesa da comissão em que o presidente do BC estava sentado.

O senador também fez críticas à proximidade de Campos Neto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem foi indicado para presidir a autoridade monetária brasileira. "A política, por mais que o senhor não deseje, está presente nessas questões. O senhor fez manifestações públicas em defesa do [ex-]presidente Bolsonaro, vestindo ‘camisinha’ amarela e mais, declaração pública e notória", afirmou.

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