Congresso Nacional

Flávio sugere que equipe de Eliziane vazou dados do Coaf com pix a Bolsonaro

Nos últimos meses, o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu mais de R$ 17 milhões em doações via pix feitas por apoiadores

Por Lucyenne Landim
Publicado em 01 de agosto de 2023 | 12:36
 
 
 
normal

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) sugeriu que assessores da senadora Eliziane Gama (PSD-MA) foram responsáveis pelo vazamento de informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre transferências recebidas via pix pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), feitas por apoiadores, na ordem de R$ 17 milhões.

A afirmação foi feita nesta terça-feira (1), em reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos criminosos de 8 de janeiro e que tem Eliziane como relatora.

Os documentos do Coaf chegaram à CPMI sob sigilo. A questão foi levantada pelo senador Magno Malta (PL-ES), vice-presidente da comissão, que questionou ter pedido informações financeiras sobre o tenente-coronel Mauro Cid -ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro- e o Coaf ter enviado, "de forma sorrateira e furtiva", uma "infinidade de dados sobre pix, encaminhados legal e espontaneamente ao ex-presidente".

Flávio, então, defendeu a convocação do presidente do Coaf para explicar por qual motivo as informações relacionadas às transações de Jair Bolsonaro também foram enviadas à CPMI. "Alguém coagiu o presidente do Coaf a enviar isso aqui para cá fora do escopo? Com qual objetivo?", questionou.

"Temos que apurar os crimes cometidos aqui, nesta CPMI, de quem vazou esses documentos. E, com todo o respeito, Senadora Eliziane, a informação que chega, até agora, é que quem teve acesso a esses documentos foram os assessores de V. Exa.. Os assessores de V. Exa. tem o registro de que tiveram acesso a esses relatórios muito antes da publicação disso pelos veículos de imprensa", disse. 

"Não estou fazendo acusação. É um informe. Eu quero que V. Exa. cheque isso e tome as medidas cabíveis, porque isso aqui é crime", acrescentou Flávio Bolsonaro, frisando que há o registro de login, senha, nome e CPF de quem acessou os documentos.

O deputado Rogerio Correia (PT-MG) falou, então, que a denúncia de Flávio à Eliziane "é muito grave, porque ele não tem provas" e explicou que, como Jair Bolsonaro é procurador da conta de Mauro Cid, as informações das transações ao ex-presidente foram enviadas pelo Coaf em conjunto.

Eliziane assumiu a palavra em seguida e classificou a fala de Flávio como "gravíssima" e o acusou de "denunciação caluniosa". "O senador Flávio Bolsonaro colocou que apenas os servidores do meu gabinete, os consultores da minha equipe, tiveram acesso ao login, que é uma informação que só quem tem é a Mesa dos trabalhos. Só quem tem acesso ao volume e às pessoas que tiveram... só quem tem informação desses acessos é a Mesa, a Secretaria da Mesa, cada um com um servidor autorizado a ter acesso", disse.

"Eu, como relatora, quero dizer para V. Exa. que eles tiveram acesso, sim, e quando chegam os documentos, eles estão lá olhando, na tela do computador, para saber qual chegou; e eu peço imediatamente que eles vão lá para analisarem e me trazerem as informações", acrescentou.

A relatora pediu que o presidente da CPMI, deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), "tomasse as devidas providências e apurasse a acusação, que - o senhor pode ter certeza - é caluniosa, por parte do Senador Flávio Bolsonaro". A solicitação foi atendida por Maia, que determinou uma apuração a seus assessores, e acrescentou: "caso seja identificada a necessidade de uma apuração mais técnica, nós encaminharemos este assunto para a Polícia Federal, para que através de um inquérito pertinente, possa apurar as responsabilidades".

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!