Eleições 2022

Presidenciáveis reagem a filho de Bolsonaro por deboche a tortura de jornalista

Sergio Moro, Lula, Simone Tebet, André Janones, Ciro Gomes, Felipe D'Avila e Eduardo Leite criticaram comentário de Eduardo Bolsonaro contra Miriam Leitão

Por O TEMPO Brasília
Publicado em 04 de abril de 2022 | 18:45
 
 
 
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Pré-candidatos à Presidência da República reagiram nesta segunda-feira (4) a um deboche do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) contra a tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão durante o período da ditadura militar. Sergio Moro (União Brasil), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB), André Janones (Avante), Ciro Gomes (PDT) e Felipe D'Avila (Novo) se manifestaram pelas redes sociais.

O episódio aconteceu no domingo e motivou inclusive uma mobilização de partidos para pedir a cassação de Eduardo Bolsonaro. Ao compartilhar um comentário da jornalista sobre o pai dele, presidente Jair Bolsonaro (PL), ser um “inimigo confesso da democracia”, Eduardo disparou: “Ainda com pena da cobra”.

Segundo relatos da própria jornalista, ela foi presa e torturada com tapas, chutes e golpes que abriram sua cabeça durante a ditadura militar. Também teve que ficar nua em frente a 10 soldados e três agentes de repressão. Além disso, foi obrigada a passar horas trancada em uma sala com uma jiboia - a cobra, citada pelo deputado. Na época, Miriam Leitão estava grávida de um mês.

"A  @miriamleitao é uma mulher de coragem, uma profissional gigante. É um símbolo de que toda mulher pode ser tudo o que ela quiser. Minha solidariedade por mais esses ataques inomináveis. Tentar fazer piada com tortura é característica daqueles que não tem um mínimo de humanidade. Jamais vão conseguir reescrever a história. Ditadura nunca mais. O Brasil precisa cada dia mais de respeito e tolerância", disse Simone Tebet em suas redes.

O ex-presidente Lula, que por vezes já reclamou de críticas feitas por Miriam em sua função de jornalista, defendeu que se tenha "humanidade" mesmo nas divergências.

"Minha solidariedade à jornalista Miriam Leitão, vítima de ataques daqueles que defendem o indefensável: as torturas e os assassinatos praticados pela ditadura. Seres humanos não precisam concordar entre si, mas comemorar o sofrimento alheio é perder de vez a humanidade", afirmou.

O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro chamou o episódio de "inaceitável" e "covarde". "É inaceitável usar um episódio de tortura para atacar a jornalista @miriamleitao. A vergonha está no ofensor. Covarde é quem ofende mulher", disse.

O ex-governador do Ceará Ciro Gomes comparou o episódio a uma nova forma de torturar a jornalista. "Difícil saber quem é o pior dos torturadores. O que fere primeiro ou o que reacende a chaga da memória sempre aberta de um torturado. Ao debochar de Miriam Leitão (@miriamleitao), o verme Eduardo Bolsonaro nos provoca esta sombria reflexão", disparou.

O deputado federal André Janones chamou a postagem de "inescrupulosa". "Quero registrar minha solidariedade à jornalista @miriamleitao, que foi atacada nesta rede social por um covarde, de forma inescrupulosa. É impossível de explicar que tipo de ser humano debocha do fato de uma mulher grávida ter sido torturada?", disse o mineiro.

O pré-candidato do Novo, Felipe d'Avila questionou o apoio dos conservadores ao filho do presidente da República. "Desprezível o comentário do deputado Eduardo Bolsonaro sobre a tortura sofrida pela  @miriamleitao. Aos bons conservadores do Brasil: esse é o seu representante? Alguém que ironiza a tortura brutal de uma mulher grávida?", questionou.

O tucano Eduardo Leite, que foi derrotado nas prévias do partido mas ainda nutre o sonho de disputar a Presidência em uma aliança com partidos de centro destacou que faltou "humanidade" ao deputado. 

"Minha total e irrestrita solidariedade a @miriamleitao. Não se trata apenas de democracia, mas de decência. Não há palavras para descrever a falta de humanidade que está presente em declarações como esta. Não há nela ideologia ou arroubo político, senão pura desumanidade", avaliou.

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