Manifestação

Zambelli desconvoca ato pró-Deltan após ataques de bolsonaristas

Houve quem recuperou trecho de conversa revelado pelo The Intercept na “Vaza Jato em que Dallagnol diz a procuradores que deveriam se distanciar do “Bozo

Por Renato Alves
Publicado em 26 de maio de 2023 | 10:20
 
 
 
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A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) usou as redes sociais na quarta-feira (24) para convocar  seguidores para um ato em dia 4 de junho, organizado pelo Movimento Brasil Livre (MBL), em defesa do deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), mas depois recuou dizendo haver uma orientação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para não participar de nenhuma manifestação em favor do ex-procurador da Lava Jato.

Assim que publicou o vídeo convocando para o ato pró-Dallagnol, Zambelli começou a receber uma enxurrada de críticas de bolsonaristas. Alguns a chamaram de “traidora”. Houve quem recuperou trecho de conversa revelado pelo The Intercept na “Vaza Jato” em que Dallagnol diz a procuradores que deveriam se distanciar do “Bozo”, em referência a Bolsonaro.

Advogado e assessor do ex-presidente, Fabio Wajngarten foi um dos que tornou pública a insatisfação com a atitude de Zambelli. “Faz-se mais do que necessário avaliar quem esteve de fato ao lado do Governo nos últimos 4 anos antes de sair apoiando e promovendo manifestação oportunista. A DIREITA teima em ser vagão e rebocada por quem nunca conseguiu ser locomotiva”, escreveu Wajngarten no Twitter.

Diante da reação, a deputada, que está licenciada por questões médicas – foi internada em UTI e diagnosticada com Covid-19 na semana passada – publicou uma retratação na manhã de quinta-feira (25). À noite, fez uma live no Instagram “desconvocando” os seguidores. 

Zambelli disse que a convocação foi um erro porque nada havia sido combinado com Bolsonaro. Só que ela culpou outras pessoas pelo “erro” e afirmou que o deputado Carlos Jordy (PL-SP), líder da oposição, ajudou a organizar o ato.

“Bolsonaro pediu para não fazer a manifestação. Não consultaram o Bolsonaro sobre uma data e erraram. Estão me chamando de traidora, mas sei que não sou. Se ele (Bolsonaro) falou para não ir, não vamos. Mas não desistam do Dallagnol”, ressaltou a parlamentar, que não parou por aí.

Ela também divulgou uma nota em suas redes sociais. No pronunciamento ela cita que o MBL foi “omisso em várias ocasiões”, diz que pode errar, mas que não age sem antes “refletir”. Em seguida faz um apelo: “Hoje é o Deltan, amanhã pode ser o Nikolas ou eu.... (não é difícil, de verdade), vocês não gostariam que esses movimentos também fossem às ruas por nós?”, questionou Zambelli.

Desde a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que cassou o mandato dele, Deltan Dallagnol tem participado de manifestações com o intuito de denunciar uma suposta “perseguicão”. No último domingo (21), ele foi a um ato do MBL em Curitiba e discursou a simpatizantes.

Já Carla Zambelli enfrenta forte onda de forte rejeição de bolsonaristas. Muitos a culpam pela derrota do ex-presidente nas urnas em 2022. Eles dizem que as imagens da deputada correndo com arma em punho atrás de um homem negro,  nos Jardins, bairro da zona Sul de São Paulo, em 29 de outubro, véspera da votação do segundo turno, foi crucial para vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.

A deputada responde a uma investigação criminal por causa do episódio. Ela afirma que foi agredida e que agiu em legítima defesa. Em 3 de janeiro, no âmbito desse inquérito e a mando do Supremo Tribunal Federal (STF), foi realizada a apreensão de três armas de fogo nas residências da parlamentar. Ela está com o porte de arma suspenso.

Zambelli enfrenta outros problemas nas justiças comum e eleitoral, com. Ela abriu uma ”vaquinha” virtual para arrecadar dinheiro para indenizações a que tem sido condenada. Em 14 dias, arrecadou R$ 168 mil – valor acima da meta estabelecida, de R$ 100 mil. Titular de um salário bruto de R$ 41 mil na Câmara, a deputada disse não ter condições financeiras de arcar com condenações, que diz vir de uma “perseguição judicial”. (Com Estadão Conteúdo)

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