Em passagem por Belo Horizonte, onde participou, na manhã desta terça-feira (19), de uma audiência pública sobre prevenção ao suicídio e à automutilação, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, defendeu que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi o que mais se preocupou sobre o assunto. Durante o encontro, ocorrido na Assembleia de Minas (ALMG), ela afirmou que o assunto foi negligenciado por outras gestões e defendeu que os pais fiquem mais alertas com relação aos seus filhos.

A ministra defendeu que não existe privacidade na internet. "Enquanto você está preservando a privacidade do seu filho, os algozes estão ali incitando ele a se cortar e até mesmo a se suicidar", disse. Damares disse que participou de 72 grupos de whatsapp nos últimos anos, formado por crianças a partir de 8 anos, que trocavam mensagens sobre técnicas eficazes para tirar a própria vida. "E os pais não sabiam que os filhos participavam desses grupos. Vocês conhecem os grupos que eles fazem parte? Têm aberto as mensagens?", questionou.

Durante o encontro, a ministra reforçou que os dados sobre a automutilação ainda são incertos, já que há muitos casos subnotificados. "Fala-se que no Brasil 20% dos jovens estão se automutilando. Temos 70 milhões de jovens e adolescentes, chegamos ao ápice. Nunca tivemos tantos jovens como hoje e nunca mais teremos porque a sociedade está envelhecendo. Então, significa que 14 milhões de jovens estão se ferindo", alertou, comparando o número com a população total do Uruguai, que é de 3 milhões de habitantes.

Ela afirmou que o presidente Bolsonaro determinou que o assunto fosse tratado de maneira transversal entre os ministérios. "Temos pessoas nos assentamentos em profunda dor, sofrimento. Então, tema está sendo trabalhado pelo Ministério da Agricultura. Pela Ciência e Tecnologia também, porque é nas redes sociais que meninos e menias estão encontrando mecanismos e fórmulas de se suicidar", detalhou. Uma das ações mencionadas por ela foi uma lei sancionada no início do ano determinando que houvesse a obrigatoriedade de notificar casos de tentativa de suicídio e de automutilação. Segundo a ministra, antes não havia essa exigência, tornando as ações de combate mais difíceis. "Vocês têm um governo preocupado com vocês, agora. Têm ministros e ministras preocupados com o tema".

Damares voltou a falar sobre o fato de ter tentado suicídio aos 10 anos, após ter sido abusada sexualmente aos 5. Ela fez críticas a repercussão da história na internet, afirmando que foi vítima de chacota e de brincadeiras.