Votação secreta

Demóstenes Torres tem seu mandato cassado pelo Senado

Ele se tornou, ontem, o segundo senador a ser cassado no Brasil


Publicado em 11 de julho de 2012 | 20:43
 
 
 
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Brasília. O senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) se tornou, ontem, o segundo parlamentar a ser cassado na história do Senado brasileiro. Ele perdeu o mandato por conta da sua relação com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Cinquenta e seis senadores votaram a favor da cassação por quebra de decoro parlamentar, 19 votaram contra e houve cinco abstenções. O único senador ausente na sessão foi Clovis Fecury (DEM-MA), que está de licença desde o dia 6 de julho.

Em 2000, o Senado cassou o mandato de Luiz Estevão pelo envolvimento na fraude do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.

Com a decisão de ontem, Demóstenes Torres tem seus direitos políticos suspensos por oito anos a contar do fim do mandato parlamentar, que se encerraria em 2019. Com isso, Demóstenes só poderá voltar a disputar eleições a partir de 2027, quando tiver 66 anos.

Demóstenes foi flagrado em escutas pela Polícia Federal em situações que sugerem o uso do cargo em benefício do suposto esquema criminoso comandado por Carlinhos Cachoeira. Além disso, é acusado de ter mentido em plenário quando disse que somente mantinha relação de amizade com o empresário.

A trajetória do então senador era marcada por críticas pesadas a políticos desonestos. Demóstenes era um dos primeiros parlamentares a criticar a falta de ética de colegas e de membros do governo.

Sessão. Responsável por pedir a cassação do senador Demóstenes Torres no Conselho de Ética, o senador Humberto Costa (PT-PE) disse, ontem, que o ex-líder do DEM quebrou o decoro parlamentar ao mentir no plenário da Casa, ao receber vantagens indevidas e cometer atos incompatíveis com o seu mandato.

"Temos que fazer Justiça. Um parlamentar precisa defender o interesse público, buscar o bem comum e evitar a sedução pelo interesse privado".

Durante a defesa, Demóstenes alegou inocência, dizendo que era vítima de boatos divulgados pela imprensa, e que estava sendo tratado como um "cão sarnento".

O senador relembrou denúncias contra Humberto Costa na época em que o petista era ministro da Saúde.

Citando reportagens sobre a operação Vampiro, em que Costa foi grampeado e inocentando, Demóstenes pediu o mesmo direito de julgamento. "Por que minha cabeça tem que rolar? Eu quero o direito do tempo, o direito que todas as pessoas têm. Por que negaram o direito à perícia? Por que precisava chegar ao dia de hoje (ontem) com pressa?", questionou.

Pouco depois de fazer sua defesa, o senador recebeu em seu telefone uma mensagem de consolo de sua afilhada, Larissa. Um repórter fotográfico do "Globo" flagrou as palavras: "Força na peruca. Família unida com o senhor. Lembre-se já venceu, beijos".

Gafe

Antes da hora. A Agência Senado noticiou que Demóstenes Torres havia sido cassado sem sequer a votação da cassação ter iniciado. Às 12h49, o site oficial manchetou: "Demóstenes está inelegível até 2027".

 

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