Correligionário do governador Romeu Zema (Novo), o deputado estadual Bartô sinalizou a falta de sintonia que há dentro do partido com relação às indicações feitas pelo chefe do Executivo. Em audiência pública realizada na manhã desta quinta-feira (13), na Assembleia
Legislativa de Minas (ALMG), o parlamentar disse diretamente à secretária de Educação, Júlia Sant’Anna, que ela era “mal-intencionada” e que deveria deixar o cargo. “Vir aqui acusar deputado de fazer gravação ilegal só demonstra o quão mal-intencionada essa senhora é, e não deveria estar no cargo que está”, disparou Bartô.
O deputado tentou exibir no auditório um vídeo que, segundo ele, foi gravado pelo deputado Cleitinho Azevedo (Cidadania), no qual a secretária teria afirmado que manteria a estrutura das escolas integrais.
O gravação, segundo Bartô, foi realizada dias antes do anúncio do governo estadual de cortes em vagas integrais em todo o Estado, ocorrido em abril. Antes mesmo da tentativa de exibição da gravação, a secretária informou que a ela seria ilegal e, por isso, proibiu o deputado de mostrar, o que motivou as críticas de Bartô.
Em seu discurso, Bartô fez duras críticas à atuação da secretária,afirmando que ela apresenta “várias incoerências” ao fazer críticas em relação à gestão do ex-governador Fernando Pimentel (PT) e manter o
mesmo corpo técnico que atuava na gestão do petista na pasta. “Não só manteve, mas abraça e defende. E acha que, às vezes, a gente é burro, troca seis por meia dúzia”, declarou.
O parlamentar se queixou da dificuldade de articulação do Legislativo com a titular da pasta. “Ela fala que dá ouvidos aos deputados, mas no corredor da Casa ouvimos reclamações sobre as dificuldade de agendar, e quando vão lá (na secretaria), não são ouvidos. Estive lá no início do mandato, levei três dossiês, mas acho que a secretária acha que a gente está lá para fazer fofoca”, criticou.
Em sua resposta, Júlia Sant’Anna afirmou que o dossiê foi entregue de maneira informal. “Não entendi que havia a necessidade de resposta formal. Havia ali muitas questões citadas e que não há um esclarecimento em termos administrativos e legais de qualquer irregularidade”, disse, afirmando que não é defensora de servidores que cometem irregularidades.
Sobre sua equipe de trabalho, a secretária afirmou que chegou ao cargo com o compromisso de ter uma gestão técnica. “Nesse início de atividade, é fundamental que tenhamos trabalho que seja bastante ágil, porque a gente precisa conseguir garantir o lançamento da frequência,
notas. As pessoas ali estão voltadas à plena execução dessa operação, que vai ser importante para gente, afirmou..
Impactos no governo
Aos jornalistas, Bartô afirmou que a situação não deve impactar na relação do governo com a ALMG. “A relação com o governo é independente da relação com os próprios secretários. Há secretários, quase todos,que tenho grande estima”, disse. Ele ainda acusou membros da
Secretaria de Educação de sabotar o governo. “A gente vê denúncias de e-mails passados por subsecretários em prol de gerar mais mobilização em dia de greve”, declarou.
Ele disse que sua postura reforça o governo. “Vejo como
reforço, trabalhando para um governo mais forte ao apontar erro de uma secretária que não deveria estar lá”.