Deputado Samuel Viana aciona Justiça Eleitoral para deixar partido de Bolsonaro

O deputado federal Samuel Viana acionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir que vai deixar o Partido Liberal (PL) sem qualquer tipo de pendência relativa à sigla. Em agosto ele solicitou formalmente a saída, e foi atendido com a concessão de uma carta de anuência assinada pelo presidente nacional do partido, Valdemar da Costa Neto. Mesmo com o documento, o parlamentar optou pela judicialização como um meio de se resguardar contra quaisquer problemas que poderiam vir a surgir.

Viana afirmou decisão foi motivada porque tem um “perfil de trabalho de diálogo, de ponderação, de votar com o governo nas pautas que eu considero boas para o Brasil, e a minha atuação contrária às orientações do partido, mesmo que autorizada, por exemplo, para votar contra, pela minha liderança, estava causando um constrangimento muito grande internamente (...). Fiz o pedido alegando uma divergência ideológica, porque o partido estava radical demais”.

O deputado ainda recordou algumas situações embaraçosas causadas por discordâncias entre integrantes da sigla que, segundo ele, fazem “oposição a qualquer custo”. Um dos episódios foi a votação da reforma tributária, pauta prioritária do governo na ocasião. A orientação era que os parlamentares votassem contra a proposta, mas Viana e alguns outros correligionários foram favoráveis. Tamanho o desconforto que o grupo de WhatsApp com deputados federais do PL precisou ser extinto.

Outro caso foi a votação do regime de urgência para o chamado “PL das Fake News”, o Projeto de Lei 2.630/2020. Isso porque o acordo firmado durante uma reunião do Colégio de Líderes da Câmara previa a aprovação da urgência, mas a maior parte dos integrantes do partido descumpriu o combinado. O deputado contou que, depois de ter votado a favor do regime de urgência, foi atacado nas redes sociais.

Viana explicou que, apesar da apesar da abertura do processo, ainda está filiado ao PL, e agora precisa aguardar uma decisão da Justiça Eleitoral para tomar novas decisões: “o relator vai intimar o PL, dizer se concorda com a carta, falar que ela é verídica, ouvir o Ministério Público Eleitoral e vai direto pra julgamento para justificar a desfiliação, me resguardando a ir para um novo partido sem perder o mandato”.

Sobre os próximos passos, ele afirmou ter recebido um convite do presidente nacional do Republicanos, o deputado federal Marcos Pereira: “é um convite que me agrada muito, um partido mais de centro-direita, é base do governo, mas tem também esse lado mais conservador, das pautas mais de costume. A tendência é que eu caminhe para o Republicanos, mas eu ainda vou aguardar a desfiliação pra acabar de fechar os acordos e os detalhes todos”.