Eduardo Bolsonaro ataca a China, que reage, e força Maia a pedir desculpas

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) pediu desculpas à China após postagens do também deputado Eduardo Bolsonaro (SP) contra o país. As falas do filho do presidente da República Jair Bolsonaro causaram um incidente diplomático entre os dois países. A China é o maior cliente dos exportadores brasileiros e o segundo maior investidor externo no país.

"Em nome da Câmara dos Deputados, peço desculpas à China e ao embaixador Yang Wanming pelas palavras irrefletidas do deputado Eduardo Bolsonaro. A atitude não condiz com a importância da parceria estratégia Brasil-China e com os ritos da diplomacia. Em nome de meus colegas, reitero os laços de fraternidade entre nossos dois países. Torço para que, em breve, possamos sair da atual crise ainda mais fortes", disse o presidente da Câmara em suas redes sociais no final da noite de ontem.

Na manhã de ontem, Eduardo Bolsonaro fez uma analogia do vazamento da usina nuclear soviética de Chernobyl, na década de 1980, à questão do coronavírus na China.

"Quem assistiu Chernobyl vai entender o que ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. mais uma vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas. A culpa é da China e liberdade seria a solução", disse o filho do presidente.

A reação dos chineses se deu no mesmo dia, mais à noite. O perfil oficial da embaixada da China no Brasil disse que Eduardo Bolsonaro contraiu um "vírus mental".

"As suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando a amizade entre os nossos povos", disse a embaixada chinesa.

"Lamentavelmente, você é uma pessoa sem visão internacional nem senso comum, sem conhecer a China nem o mundo. Aconselhamos que não corra para ser o porta-voz dos EUA no Brasil, sob a pena de tropeçar feio", disparou a embaixada.

O próprio embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, também reagiu nas redes sociais.

"A parte chinesa repudia veementemente as suas palavras e exige que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês. Vou protestar e manifestar a nossa indignação junto ao Itamaraty e à Câmara dos Deputado", disse o embaixador, em postagem na qual marcou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ministro das Relações Exteriores Ernesto Araaujo.

Wanming continuou:

"As suas palavras são um insulto maléfico contra a China e o povo chinês. Tal atitude flagrante anti-China não condiz com o seu estatudo como deputado federal e nem a sua qualidade como uma figura pública especial", encerrou.