Nos moldes atuais

Em seu último dia, Lava Jato de SP apresenta 5ª denúncia contra Paulo Preto

A acusação é de lavagem de dinheiro; valores foram pagos para favorecer empreiteiras nas gestões dos tucanos Serra e Alckmin

Por FOLHAPRESS
Publicado em 29 de setembro de 2020 | 12:58
 
 
 
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Em seu último dia nos moldes atuais, a força-tarefa da Lava Jato de São Paulo denunciou na manhã desta terça-feira (29) ex-diretores da Dersa (estatal paulista de rodovias) sob acusação de lavagem de dinheiro de propina.

Os valores, segundo a acusação, foram pagos para favorecer empreiteiras em obras tocadas nas gestões dos ex-governadores tucanos José Serra e Geraldo Alckmin.

São denunciados os ex-diretores de engenharia Mário Rodrigues Júnior e, pela quinta vez na Lava Jato paulista, Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto.

A acusação do Ministério Público Federal aponta suspeita de ocultação de recursos ilícitos pagos pela Galvão Engenharia para fazer parte do cartel de construtoras que atuou em obras como o Rodoanel Sul e o Sistema Viário Metropolitano de São Paulo.

Os valores foram enviados para contas na Suíça e são estimados em US$ 10,8 milhões -mais de R$ 60 milhões, no câmbio desta terça.
Mário Rodrigues Júnior e Paulo Preto, diz a Procuradoria, receberam dinheiro no exterior por meio de empresas registradas em paraísos fiscais.

O recebimento da propina teria acontecido entre 2005 e 2009 e os valores foram mantidos fora do Brasil até 2017.

Além deles, são denunciados o ex-executivo da Galvão Engenharia José Rubens Goulart Pereira e seu irmão Cristiano Goulart Pereira. A acusação afirma que Cristiano atuava como representante dos ex-diretores da Dersa na movimentação das contas fora do Brasil.
Segundo a acusação, Cristiano, Mário Rodrigues e Paulo Vieira tinham contas no banco Bordier & Cie, abertas em nome de empresas geridas pela mesma pessoa jurídica.

Também foi denunciada a então mulher de Mário Rodrigues, Andrea Bucciarelli Pedrazzoli, sob acusação de receber parte dos valores transferidos a ele.

A investigação usa como base delações premiadas de ex-executivos da Galvão Engenharia e da Odebrecht, e também analisou documentos bancários enviados pela Suíça que apontam as movimentações financeiras descritas pelos procuradores.

Procurado, o advogado de Paulo Vieira de Souza, Alessandro Silvério, disse que se manifestará nos autos. A reportagem não conseguiu localizar os advogados dos demais acusados.

A denúncia é assinada por quatro membros da força-tarefa da Lava Jato em São Paulo, que pediram desligamento e a partir desta quarta (30) já não atuam mais na operação, e também pela procuradora Viviane Martinez, que passa a ficar à frente das investigações.

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