Codemge

Estatal mineira faz contrato de assessoria por R$ 11,4 milhões

Rothschild & Co deve avaliar e propor reestruturação das empresas do Estado

Por Heitor Mazzoco
Publicado em 28 de setembro de 2019 | 03:00
 
 
 
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O governo Romeu Zema (Novo), por meio da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), braço da Codemig, contratou a empresa Rothschild & Co Brasil por R$ 11,4 milhões. O contrato foi assinado no dia 3 de setembro com a finalidade de “assessoria financeira” e tem prazo de dois anos. A empresa receberá, em média, R$ 475 mil por mês. 

O TEMPO apurou que a principal função da empresa em Minas Gerais será avaliar e propor reestruturação das companhias estatais. A consultoria é o primeiro passo para dar início começo às tentativas de privatizar as estatais do governo de Minas Gerais. 

No mercado, a empresa é conhecida por participar de projetos para fusões de empresas e privatizações. 

A Rothschild participou de diversas vendas de estatais no Brasil, como Embraer, Telebras, Vale, Banespa, Light e Copesul. Prestou também assessoria para a Camargo Correa na venda de sua participação de 11,4%, em ações na Itaúsa para a Petros, por US$ 1,7 bilhão. Em 2011, assessorou o Casino na análise e na rejeição de oferta não solicitada pelo Pão de Açúcar. 

A reportagem entrou em contato com a Codemge e com a Rothschild, que não quiseram comentar sobre o acordo. Em nota, a Codemge se limitou a dizer que o contrato não envolve auxilio em privatizações. “Tem como objeto serviços especializados de assessoria financeira. O objeto desse contrato não está relacionado ao tema ‘privatização de estatais’”, disse em nota.

Privatização

O governador Romeu Zema já afirmou diversas vezes que, se depender dele, vai privatizar todas as estatais em Minas Gerais. 

Mas o caminho é complicado. Nos casos da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), o governo precisa consultar a população do Estado por meio de um referendo. A lei vale desde 2001, promulgada durante o governo de Itamar Franco (1999 a 2003). 

Há a possibilidade de o Executivo enviar para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para derrubar a exigência. O TEMPO mostrou, no entanto, que Zema tem, hoje, apenas sete votos na Casa. 

Em entrevista ao programa “Opinião Minas”, da Rede Minas, ontem, o governador citou a telefonia, que fora privatizada nos anos 90, para defender a entrega à iniciativa privada.

“A privatização da telefonia celular só melhorou os serviços. Quando ficava na mão de estatais, poucos tinham (telefone), e o serviço não era de boa qualidade. Depois que entrou concorrência, toda a população tem acesso”, afirmou o governador. 

‘Não vamos vender estatais a preço de banana’

O governador Romeu Zema (Novo) disse ontem que o governo não vai vender as estatais a “preço de banana”. “Não vamos sair vendendo a preço de banana nada. Realmente, vamos fazer tipo leilão. E vai levar quem pagar muito. E se não tiver preço adequado, não vamos vender também”, afirmou durante o programa “Opinião Minas”, da Rede Minas. 

Zema disse que todos devem lembrar que o Estado está quebrado e sem condições de manter as estatais. “O que é melhor: controlar essas empresas e deixar as pessoas morrendo no hospital porque não tem medicamento? Isso é justo? Isso que é social?”. O governador também atacou a Cemig, que classificou de “cabide de emprego”.

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