DIPLOMACIA

Embaixador do Brasil volta a Israel após crise com governo, mas não deve reassumir o posto

Há uma tendência, conforme o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, de que Meyer não retorne ao cargo

Por Gabriela Oliva
Publicado em 24 de maio de 2024 | 18:23 - Atualizado em 24 de maio de 2024 | 18:59
 
 
 

BRASÍLIA - O embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, retornou ao país nesta sexta-feira (24), mas não reassumiu suas funções diplomáticas após a recente crise entre os governos dos dois países. A confirmação foi dada por uma fonte do Itamaraty ao O TEMPO em Brasília.

Há uma tendência, porém, conforme mencionado pelo assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, de que Meyer não retorne ao cargo.

"Não havia outra opção. Nosso embaixador foi desrespeitado (...) Acredito que ele não retorne. Sobre a possibilidade de outro embaixador, não tenho informações, mas ele não voltará. Ele foi pessoalmente desrespeitado e, com isso, o Brasil também foi desrespeitado", disse o chanceler a jornalistas em Pequim.

De acordo com informações obtidas pela reportagem, o Itamaraty anunciará oficialmente a decisão nos próximos dias.

Em fevereiro, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ordenou o retorno do embaixador Frederico Meyer ao Brasil em protesto ao sermão público feito por Israel Katz, ministro das Relações Exteriores de Israel, no Museu do Holocausto em Jerusalém.

O caso ocorreu após o diplomata ser convocado pelas autoridades israelenses para explicar os comentários do chefe do Executivo brasileiro, que comparou a ofensiva israelense na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus durante o regime nazista de Adolf Hitler, entre 1933 e 1945.

Em resposta, ao lado de Frederico Meyer, Israel Katz declarou que o presidente brasileiro era "persona non grata" em Israel até se retratar e pedir desculpas.

O governo brasileiro não cedeu às demandas de desculpas e, em vez disso, chamou o embaixador Meyer de volta, efetivamente suspendendo as relações diplomáticas. Nos dias seguintes, o chanceler israelense continuou insistindo que Lula deveria se retratar, o que não ocorreu.

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