BRASÍLIA. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, voltou a criticar o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por "priorizar a aliança com um agressor", referindo-se à Rússia, liderada por Vladimir Putin.
"O Brasil deve estar do nosso lado e dar um ultimato ao agressor [a Rússia]… Por que temos de voltar a repetir estas coisas? Pela memória histórica, por temas econômicos? A economia é importante até que chega uma guerra, e quando a guerra chega os valores mudam. Pesam mais as crianças, a família, a vida, só depois está o comércio com a Federação Russa", afirmou Zelensky em entrevista a jornalistas latino-americanos em Kiev, publicada por O Globo.
Zelensky demonstrou preocupação com a ausência de Lula em uma conferência de paz convocada pela Suíça neste mês, à qual a Rússia não foi convidada.
O jornal relatou que Zelensky acredita que o governo brasileiro deve apoiar a Ucrânia, país invadido pelo exército russo. Ele exigiu que Lula faça um "ultimato" ao presidente russo e enfatizou que questões econômicas não podem ser priorizadas em tempos de guerra.
"A economia é importante até que chega uma guerra, e quando a guerra chega os valores mudam. Pesam mais as crianças, a família, a vida, só depois está o comércio com a Federação Russa", reiterou.
Em resposta, Celso Amorim, assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, declarou nesta sexta-feira (31) que o Brasil respeita o sofrimento dos ucranianos, em guerra com a Rússia desde fevereiro de 2022.
"Respeitamos o sofrimento do povo ucraniano. Queremos contribuir para uma paz alcançável. Isso só será possível se levarmos em consideração as preocupações das partes, o que pressupõe diálogo entre elas, preferencialmente com apoio de países que gozem de confiança de ambos", afirmou Amorim ao Globo.
Durante 2023, Lula tentou, sem sucesso, atuar como mediador entre Ucrânia e Rússia para pôr fim ao conflito. No entanto, durante uma viagem à China e aos Emirados Árabes, o presidente afirmou que a Ucrânia também tinha responsabilidade pela guerra.
Após críticas internacionais, Lula suavizou o discurso, afirmando que não equiparava Rússia e Ucrânia, e defendeu a integridade territorial ucraniana. O governo brasileiro acredita que a negociação de paz deve envolver tanto russos quanto ucranianos.
Lula e Zelensky se encontraram em setembro de 2023, em Nova York. No mês seguinte, Lula conversou por telefone com Putin. À época, de acordo com o governo, eles discutiram os conflitos no Oriente Médio entre Israel e o grupo terrorista Hamas, além da guerra na Ucrânia.