BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elogiou a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira (25) pelo Banco Central (BC). Para Haddad, a diretoria do colegiado sinalizou que há uma pausa no ciclo de cortes da taxa Selic para que a autoridade monetária possa “avaliar o cenário interno e externo”. 

Eu penso que ata está muito aderente ao comunicado. Nada de muito diferente do comunicado, o que é bom. E transmite a ideia de que está havendo uma interrupção [do ciclo de cortes da Selic] para avaliar o cenário interno e externo, para que o Copom fique à vontade para tomar decisões, a partir de novos dados, afirmou o ministro a jornalistas ao chegar na sede do Ministério da Fazenda.

 

O que é importante frisar é que a diretoria fala em interrupção do ciclo [de cortes] e me parece uma diferença importante a ser salientada”, reforçou Haddad, dando a entender que a ata do Copom não diz que poderá haver aumento na Selic futuramente.

 

Na ata, o Comitê de Política Monetária reforçou que a combinação entre cenário global incerto, resiliência da atividade doméstica, aumento das suas projeções de inflação e desancoragem das expectativas demanda "maior cautela".

"A política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas", diz ata do colegiado.

O BC decidiu, de forma unânime, interromper o clico de cortes da inflação oficial na última reunião do Copom. A manutenção do patamar em 10,5% marca uma pausa após sete quedas consecutivas na Selic.

 

A decisão do colegiado irritou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na semana passada, o petista voltou a subir o tom de críticas ao presidente do BC, Roberto Campos Neto. Ele também não polpou artilharia na autonomia do Banco Central. Lula, no entanto, ignorou o fato de quatro diretores indicados pelo governo terem votado pela interrupção de cortes na Selic.

 

Ainda em conversa com jornalistas nesta terça-feira, o ministro da Fazenda disse que a “pressão inflacionária” registrada recentemente tem a ver sim os efeitos da tragédia no Rio Grande do Sul, mas que isso não deve ser levado em conta na política monetária. Conforme explicou, as decisões do BC miram projeções para o longo e médio prazo.

 

“Essa é uma inflação que afeta o curto prazo. O horizonte do Banco Central é de médio e longo prazo. Não faz muito sentido levar em consideração o que está acontecendo em função do Rio Grande do Sul para fins de política monetária. Porque o juro de hoje está afetando 12, 18 meses para frente. Quando a questão do Rio Grande do Sul, todos nós estamos trabalhando para que ela seja superada”, explicou.