BRASÍLIA - O ministro de Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, negou nesta quinta-feira (11) que tenha levado bronca do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista cobrou uma maior participação dos auxiliares nas reuniões interministeriais e mais efetividade para a execução dos recursos dos programas públicos.  

Na avaliação de Macêdo, a fala do presidente durante evento com catadores no Palácio do Planalto na quarta-feira (11), não teve tom de "puxão de orelha". A declaração foi dada durante o programa “Bom Dia, Ministro” da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A reportagem de O TEMPO Brasília participou da entrevista. 

"Não vi isso como uma bronca. Muito pelo contrário, vi o presidente, e quero agradecer publicamente a ele por fortalecer minha coordenação nesse processo em relação às políticas públicas para os catadores. Ele disse: 'Olha, Márcio, você tem que coordenar, tem que cobrar dos ministros, tem que monitorar para que os recursos possam chegar na ponta'. Então, interpretei de forma muito positiva", disse.

Na última quarta-feira (10), durante anúncio de investimento de R$ 425 milhões em programas para catadores, Lula reclamou da sigla do comitê, afirmou que Macêdo tinha que “se responsabilizar” pelo colegiado e pediu para ele ligar pessoalmente para os ministros que não comparecem às reuniões interministeriais porque "nem todo mundo está ligado no zap (sic)".

 "Companheiro Márcio, é preciso que você assuma responsabilidade desse CIISC, nunca vi uma sigla chamada CIISC”, disse Lula. A sigla faz referência ao Comitê Interministerial para Inclusão Social e Econômica, criado dentro do Palácio do Planalto, e que é coordenado por Macêdo.  

“A gente cria muita reunião interministerial e eu sou informado das reuniões. E nem todos os ministros participam das reuniões”, declarou o petista afirmando que os auxiliares apenas enviam representantes do segundo e terceiro escalão para os encontros.  

Lula ainda fez referência ao valor do programa, que foi apelidado pelo governo petista de “Lei Rouanet dos Catadores”, e disse que o ministro da Secretaria-Geral tem que fazer um acompanhamento “sistematizado” e mensal para saber o que está acontecendo.  

“São R$ 425 milhões. É muito dinheiro, em várias frentes de trabalho que vão acontecer em vários momentos. Vocês criaram um comitê, de vários ministérios, para cuidar dessa questão e garantir que as ações sejam realmente implementadas. Não podemos anunciar uma quantidade de investimentos dessa magnitude sem um acompanhamento sistemático para assegurar que cada passo está sendo cumprido", afirmou Lula na ocasião.  

Ainda na entrevista desta quinta-feira, Márcio Macêdo afirmou que está tranquilo com a situação e classificou como “natural” as cobranças de um presidente da República, ao dizer que o chefe do Executivo federal tem cobrado resultado e entrega de todos os auxiliares.  

“O cargo [de ministro] é do presidente, o povo o outorgou por quatro anos pelas urnas. Então, ele tira e bota quem ele quiser, ele chama a atenção de quem ele quiser, ele pode fazer as correções de rumo que ele achar necessário e todos nós que somos ministros temos que compreender isso. Para mim, isso está muito bem resolvido, não tem um menor problema em relação a isso, mas não foi isso que aconteceu”, declarou. 

Na sequência, Macêdo explicou o funcionamento do programa para os catadores e da importância do comitê criado. Segundo disse, ele vai atender à reivindicação do presidente Lula para que os ministros compareçam aos encontros.  

“Então, eu estou absolutamente tranquilo com isso, estou em paz, com a sensação de que estou cumprindo a minha missão, mas isso não quer dizer que a gente não precisa melhorar. Isso não quer dizer que a gente não vai trabalhar para melhorar isso que nós estamos fazendo”, completou. 

A pasta da Secretaria-Geral da Presidência tem, entre outras atribuições, a finalidade de ser o canal de interlocução do governo federal com os movimentos sociais. Márcio Mâcedo tem sofrido desgaste à frente da pasta e, inclusive, recebeu críticas internas de colegas.