BRASÍLIA - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou nesta terça-feira (9), ao lado do presidente boliviano, Luis Arce, sua expectativa de reintegrar a Venezuela ao Mercosul.
"O bom funcionamento do Mercosul, que agora tem a satisfação de acolher a Bolívia como membro pleno, concorre para a prosperidade comum. Esperamos também poder receber de volta à Venezuela. A normalização da vida política venezuelana significa estabilidade para toda a América do Sul. Por isso, fazemos votos de que as eleições transcorram de forma tranquila e que os resultados sejam reconhecidos por todos", declarou Lula.
A suspensão da Venezuela do Mercosul ocorreu em 1º de dezembro de 2016, decidida pelos demais integrantes do bloco — Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai — devido ao não cumprimento de normas econômicas, comerciais e políticas estabelecidas pelo grupo.
As razões apontadas incluíram a falta de adequação da Venezuela aos requisitos do Protocolo de Assunção sobre Compromisso com a Promoção e Proteção dos Direitos Humanos e a não incorporação de normas do bloco em sua legislação.
Durante seu pronunciamento na Bolívia, Lula também destacou a importância da integração sul-americana. "Isso não é retórica de discurso da época eleitoral. É necessidade de sobrevivência da América do Sul", afirmou.
Condenação dos movimentos autoritários
Durante seu discurso, Lula mencionou a "onda de extremismo que culminou" nos atos de 8 de janeiro de 2023, com a invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes, em Brasília, alertando também sobre a situação da Bolívia, que "já havia experimentado esse gosto amargo com o golpe" contra Evo Morales em 2019.
Morales renunciou em 10 de novembro de 2019, em meio a uma tentativa de golpe de Estado. "Não podemos aturar desvarios autoritários e golpismo. Temos a enorme responsabilidade de defender a democracia contra retrocessos. Em todo o mundo, a desunião das forças democráticas só tem servido à extrema direita", enfatizou Lula.
Em 26 de junho, o governo de Luis Arce enfrentou uma invasão de tanques e militares no Palácio Quemado, em La Paz, a antiga sede do governo que ainda é utilizada para atos protocolares. O ataque foi liderado pelo ex-comandante do Exército boliviano, general Juan José Zúñiga.
Declaração ocorreu após assinatura de acordos
As declarações do presidente Lula foram feitas após uma agenda oficial com o presidente Arce, na Bolívia. Durante o encontro, foram assinados acordos que visam promover o comércio e os investimentos, a integração física e energética, além do combate ao narcotráfico e ao crime organizado.
Conforme informações do Palácio do Planalto, também foram abordados temas como saúde, migração e cooperação fronteiriça. Questões relacionadas à agenda regional e multilateral foram discutidas, com destaque para a entrada da Bolívia no Mercosul.
Lula participou da agenda na Bolívia após sua ida à Cúpula do Mercosul em Assunção, capital do Paraguai, ocorrida na segunda-feira (8). O petista retornará ao Brasil ainda nesta terça-feira (9).