BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumpre, nesta terça-feira (9), agenda em Santa Cruz de la Sierra, onde participará de uma série de encontros com o presidente da Bolívia, Luis Arce, e empresários bolivianos.
O petista está no país vizinho num gesto de solidariedade a Luis Arce, após a Bolívia sofrer uma tentativa de golpe militar no último dia 26 de junho. Além de fortalecer os laços diplomáticos, o governo brasileiro também tem uma agenda voltada para o setor de gás natural no país andino.
Nesse sentido, Lula está acompanhado de uma comitiva de autoridades do primeiro escalão do governo e com uma delegação de empresários brasileiros. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, são alguns dos nomes que integram a comitiva presidencial.
Ainda na noite de segunda-feira (8), ao desembarcar na Bolívia, o petista falou sobre o tema. “A gente precisa discutir como vai se explorar os materiais, os minérios que a Bolívia possui. Como vamos utilizar todo o potencial mineral da Bolívia, o potencial de gás, e o Brasil pode ajudar a Bolívia a explorar e a desenvolver o país. No caso do Brasil, preciso dizer que não consigo pensar no Brasil crescendo sozinho. O Brasil tem que crescer junto com nossos vizinhos”, afirmou.
A declaração do petista foi dada a jornalistas poucas horas após o encerramento da reunião de cúpula do Mercosul, no Paraguai, onde a Bolívia foi anunciada como país-membro. A adesão permanente de La Paz foi celebrada por Lula e demais nações do bloco-econômico.
Arce e Evo Morales
Ainda na conversa com jornalistas, Lula evitou tecer qualquer comentário crítico sobre o ex-presidente da Bolívia Evo Morales. Luis Arce foi ministro da Economia de Morales durante 13 anos. Atualmente, os dois são adversários políticos. Essa é a primeira visita de Lula a Bolívia em seu terceiro mandato. Já Luis Arce já esteve no Brasil quatro vezes.
“Como se resolve qualquer conflito entre dois seres humanos. Ou seja, eu não conversei ainda com o presidente [Luis] Arce, eu amanhã [hoje] vou me dar conta por inteiro de como está a situação política na Bolívia. Como está a divergência entre eles, quem são os candidatos de oposição, ou seja, naquilo que a gente puder ajudar para construir a unidade e fortalecer a democracia, esse eu acho que é o papel do Brasil”.
O presidente da Bolívia foi vítima de uma tentativa fracassada de golpe de Estado faz cerca de 15 dias. Os oficiais das forças armadas que lideraram a intentona estão presos. À época, o governo brasileiro condenou a tentativa de ruptura da ordem democrática na Bolívia. O presidente Lula, inclusive, citou o episódio na reunião de cúpula do Mercosul na última segunda-feira, e disse que é preciso que o continente esteja vigilante.
Bolívia é o país de maior zona de fronteira com o Brasil
Está na pauta de discussão entre os dois países acordos de cooperação sobre a questão da fronteira. Segundo o governo brasileiro, o Brasil compartilha com a Bolívia a maior zona de fronteira com um país vizinho. São mais de 3400 quilômetros de faixa territorial.
“Os presidentes Lula e Arce realizarão encontro de trabalho com atenção especial às iniciativas para a promoção do comércio e investimentos, da integração física e energética e do combate ao narcotráfico e ao crime organizado. Serão discutidos, ainda, temas de saúde, migração e cooperação fronteiriça ", diz nota do Itamaraty.