BRASÍLIA – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), fez um discurso exaltando o governo de Jair Bolsonaro (PL), com críticas contundentes à gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em ato ao lado do ex-presidente, na capital paulista, neste domingo (29 de junho).

Tarcísio disse não haver democracia “sem Bolsonaro nas urnas”. O ex-presidente está inelegível até 2030, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Sem admitir publicamente, o governador de São Paulo é um dos nomes cotados da direita para disputar o Planalto em 2026.

Por outro lado, diferentemente de outros que discursaram no trio elétrico, Tarcísio não se referiu diretamente a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), embora tenha repetido críticas ao fato de Bolsonaro estar inelegível. “A gente está aqui para pedir justiça, pedir anistia, pedir a pacificação”, disse o governador.

Ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, Tarcísio falou de feitos da administração da qual fez parte e atacou o governo de Lula, falando em corrupção, gastos públicos e aumento de juros.

“Dois anos e sete meses foram suficientes para o pessoal jogar tudo na lata do lixo. Destruíram tudo. O Brasil não aguenta mais a desfaçatez, o gasto desenfreado, a política de campeões nacionais e a corrupção. Quem paga a conta dos juros altos é vocês. O Brasil não aguenta mais o PT. Vamos dar essa resposta no ano que vem, porque vamos nos reencontrar com a esperança e a prosperidade”, afirmou.

Discurso em inglês e ‘Volta, Bolsonaro’  

Bolsonaro comanda neste domingo mais um ato em seu apoio e contra o STF, sob alegação que ele e aliados políticos são perseguidos por ministros da mais alta Corte com suas decisões.

A manifestação ocorre em meio à fase final do julgamento no STF sobre a suposta trama golpista que visaria a manutenção de Bolsonaro no poder após derrota nas urnas em 2022.

Com o lema “Justiça Já”, o ato deste domingo mira o julgamento e outras decisões da Corte, como a que responsabiliza as redes sociais por publicações ilegais dos usuários.

Os parlamentares que discursaram antes de Bolsonaro fizeram discurso em tom de campanha a favor do ex-presidente, o colocando como o nome da direita na disputa de 2026.

Nos discursos dos parlamentares também houve menções a temas recorrentes nas manifestações bolsonaristas, como a defesa de “voto impresso e auditável”, com a colocação do sistema eleitoral em xeque, além da exaltação ao patriotismo e ao nacionalismo.

O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) chegou a discursar em inglês, em apelo a autoridades norte-americanas por intervenção para, segundo ele, devolver a liberdade ao Brasil.

Faixas e bandeiras dos EUA e de Israel

Esse é o segundo ato pró-Bolsonaro na Paulista neste ano. Em 6 de abril, o mote era o projeto de lei para anistiar os envolvidos na invasão e depredação às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. 

Assim como no ato anterior, era grande o número de bandeiras de Israel e dos Estados Unidos. Também havia faixas em apoio a Donald Trump, presidente norte-americano. Muitas delas com mensagens em inglês.

Por outro lado, diferentemente das outras vezes, não se via faixas de apoio a Elon Musk, o bilionário que deixou o governo Trump recentemente, com troca de acusações e ofensas por meio de redes sociais. Bolsonaro e apoiadores apontam o dono da rede social X como ícone da liberdade.

Quatro governadores presentes

O evento começou pouco depois das 14h, com a  execução do Hino Nacional, como já é tradição nas manifestações de Bolsonaro e apoiadores. Essa foi a sexta vez desde que ele convocou um ato nas ruas desde que deixou a Presidência da República. 

Na manifestação anterior, também na Paulista, em 6 de abril, sete governadores, filiados a cinco partidos políticos diferentes, estiveram presentes. Dessa vez foram quatro governadores, filiados a três partidos. Entre eles, dois cotados como pré-candidatos à Presidência em 2026.

Tarcísio de Freitas, de São Paulo, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, foram os presidenciáveis na Paulista neste domingo. Os outros dois são Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, e Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro. 

Entre os também cotados para concorrer à Presidência em 2026, faltaram o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que já se lançou como pré-candidato, e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná. 

A manifestação de abril visava pressionar o Congresso nacional votar e aprovar o texto, mas o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), não pautou a matéria.