BRASÍLIA - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) corre contra o tempo para evitar um alto déficit de participação na COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que acontece em Belém (PA), em novembro.

A quatro meses do início do evento, dezenas de delegações estrangeiras, sobretudo de países pobres, encontram dificuldades para encontrar hospedagem a um preço acessível na capital paraense. O mesmo vem acontecendo com ONGs e entidades.

A preocupação foi reforçada durante a Conferência de Bonn sobre Mudanças Climáticas, em junho. No evento preparatório para a COP30, representantes de governos e entes privados mostraram temor de que a edição de Belém seja a de representatividade mais baixa em anos. Alguns chegaram a sugerir, nos bastidores, uma mudança de sede.

“Corre o risco de se tornar a COP mais inacessível dos tempos recentes. Não apenas para delegados, mas para a sociedade civil, jovens, indígenas e governos de pequenas ilhas, que precisam estar no centro da justiça climática. [...] Se excluir os mais afetados pela crise climática, o processo vai falhar, não importa o quão ambiciosa seja a agenda”, disse, após o evento, o enviado especial para o clima do Panamá, Juan Carlos Monterrey Gomez.

Preços exorbitantes e possíveis soluções

Em sites de reservas, a diária em hotéis de Belém chega a quase R$ 7 mil para o período da COP30, que vai de 10 a 21 de novembro. A situação motivou uma investigação da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), subordinada ao Ministério da Justiça, que apura se há abuso no aumento dos preços. A medida gerou críticas entre representantes da rede hoteleira na cidade.

Outra iniciativa do governo é o lançamento de uma plataforma oficial de hospedagem. A organização contratou a empresa Bnetwork, que já atuou em edições anteriores da COP, para operar o site. Porém, a ferramenta, que foi inicialmente prometida para março, ainda não tem uma previsão exata de quando será lançada.

O governo afirma que a oferta de leitos supre a necessidade de 24 mil quartos para viabilizar a acomodação para todos os participantes da COP. Segundo a organização, a plataforma ainda não foi disponibilizada porque se está “qualificando as informações sobre esses quartos e negociando valores”.

“Estamos trabalhando com o conjunto de hotéis e imobiliárias, por meio de tratativas para a melhoria dos preços das diárias e realizando ajustes na qualidade das informações das acomodações que serão ofertadas. O objetivo é lançar a plataforma com transparência de dados e preços justos para atender a todos os públicos que estarão presentes na COP30”, diz a assessoria da COP30.

Hospedagens ‘alternativas’

Para suprir a demanda por leitos, o governo brasileiro, junto com autoridades do Pará, busca alternativas a hotéis e apartamentos convencionais, também como uma forma de baratear a hospedagem. Escolas estaduais estão tendo suas salas reformadas e adaptadas para servirem como hostels, alojamentos militares e espaços religiosos

Já no Porto de Belém, dois navios de cruzeiro estão sendo reformados para funcionar como hotéis flutuantes, que devem abrigar 6 mil leitos. As obras têm previsão de serem concluídas até 14 de outubro, com um custo de R$ 181 milhões via recursos de Itaipu.

Outra opção considerada pelo governo é utilizar imóveis do Minha Casa, Minha Vida na região de Belém. No entanto, a construção dessas residências ainda não foi concluída.