BRASÍLIA - A Intelis, associação dos servidores da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), acionou na sexta-feira (11/7) a Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo a saída do diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa

Em junho, ele foi indiciado pela Polícia Federal no inquérito da chamada “Abin paralela”, que apura o suposto uso ilegal de ferramentas na Abin para investigar autoridades. A estrutura montada incluiu a compra de um sistema espião pela agência para monitorar a localização de alvos pré-determinados em todo o país.  

No total, 36 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal, entre elas, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral do órgão no governo de Jair Bolsonaro (PL), e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), apontado como "idealizador" da estrutura.

“É inadmissível que indivíduos sobre quem pesam acusações graves de obstrução de justiça continuem ocupando cargos de comando na Abin. O próprio Diretor-Geral afastou de cargos servidores orgânicos que eram apenas citados nas investigações. Pela mesma lógica, não pode ele próprio se manter no cargo máximo da Agência, com poderes para seguir incorrendo nos alegados crimes”, diz trecho da nota divulgada pela Intelis, em junho.

A PF identificou indícios de que o atual diretor-geral da Abin sabia das operações de espionagem ilegal e agiu para atrapalhar a investigação. Corrêa é enquadrado pelos crimes de prevaricação, impedir ou embaraçar investigação sobre organização criminosa e coação. Também foram indiciados Luiz Carlos Nóbrega, chefe de gabinete de Corrêa, e o corregedor-geral José Fernando Chuy.  

Todos eles são delegados de carreira da Polícia Federal nomeados ao cargo no governo Lula. Até o momento, a Abin não comentou. Procurado, o Palácio do Planalto também não se manifestou sobre o assunto.  

“É absurdo sequer cogitar a permanência da atual direção e a continuidade do processo de definhamento e desmonte da Inteligência de Estado”, destacam os servidores da Abin. 

A Polícia Federal apontou que o ex-presidente Jair Bolsonaro era o principal beneficiário das ações realizadas pela chamada "Abin Paralela". De acordo com o relatório divulgado, Bolsonaro era integrante do "núcleo político" da organização, ao lado de seu filho Carlos Bolsonaro. 

"Este núcleo era o responsável por definir as diretrizes estratégicas da organização criminosa e destinatários principais das vantagens perseguidas pelo coletivo delituoso", diz trecho do documento.