BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (6), na cúpula do Brics que acontece no Rio de Janeiro, que a inteligência artificial (IA) não pode ser usada como “instrumento de manipulação na mão de bilionários”.
"As novas tecnologias devem atuar dentro de um modelo de governança justo, inclusivo e equitativo. O desenvolvimento da inteligência artificial não pode se tornar privilégio de poucos países ou instrumento de manipulação na mão de bilionários", disse.
Lula defendeu um modelo de governança do sistema como uma “mensagem clara e inequívoca” do Brics ao mundo e completou que não é possível progredir “sem a participação do setor privado e das organizações da sociedade civil”.
A fala foi feita durante o painel “Fortalecimento do Multilateralismo, Assuntos Econômico-Financeiros e Inteligência Artificial”. Antes, líderes do Brics já tinham divulgado uma carta de interesses conjuntos que abordou o avanço da IA no mundo.
Os integrantes da reunião no Rio de Janeiro destacaram a inteligência artificial como uma “oportunidade singular para impulsionar o desenvolvimento rumo a um futuro mais próspero”, mas ressaltaram a necessidade de uma governança global para mitigar potenciais riscos e atender às necessidades de todos os países, incluindo os do Sul Global.
Na carta, os líderes reconheceram que a IA “está transformando as relações de trabalho, criando novas oportunidades de emprego, mas também apresentando desafios, como o deslocamento de empregos e o aumento da desigualdade”.
“Tendo presente que mulheres, jovens, trabalhadores mais velhos, pessoas com deficiência e outras pessoas em situações vulneráveis estão especialmente em risco devido aos impactos adversos das transições digitais, comprometemo-nos com políticas inclusivas que utilizem a tecnologia de forma responsável para garantir a IA para o bem e para todos”, diz trecho do documento.
A declaração destaca que, para isso, serão levados em consideração “as políticas nacionais, as regulamentações e os acordos internacionais aplicáveis”, com processos de “aprimoramento da aprendizagem por toda a vida para desenvolver habilidades digitais, ao mesmo tempo em que fortalecemos a proteção social, protegemos os direitos dos trabalhadores e preservamos a centralidade do ser humano”.