BRASÍLIA - Diante do impacto causado pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio Exterior, Geraldo Alckmin (PSB), viaja ao México nesta semana. O objetivo é ampliar as relações comerciais entre os dois países. 

A agenda, que acontece nos dias 27 e 28 de agosto, terá a presença ainda da ministra do Planejamento, Simone Tebet, e de empresários que buscam exportar para o México. O país é um dos principais compradores de carne do Brasil e tem ampliado a compra de outros produtos brasileiros. O México também enfrenta tarifas adicionais impostas pelos EUA.

Entre as ações do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para enfrentar as tarifas de 50% impostas pelos EUA, o próprio presidente destaca a procura de novos mercados para os produtos brasileiros.

Segundo dados do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, um terço das exportações brasileiras é que será afetado com as tarifas de 50%. Desse valor, segundo Haddad, metade vai encontrar destino alternativo, como no caso do café e da carne. 

Negociações com os EUA continuam

Em agenda em São Paulo, Alckmin afirmou, no sábado (23), que trabalha “permanentemente” para derrubar as tarifas impostas pelos Estados Unidos.

“Se depender de nós, o tarifaço acaba amanhã. O trabalho é esse: diálogo e negociação. Entendemos que tem espaço para ter mais produtos excluídos e para ter uma alíquota mais baixa”, disse.

O vice-presidente citou algumas "boas notícias" nesta semana, como a exclusão de produtos derivados de aço e alumínio da tarifa de 50%, passando a pagar a mesma taxa aplicada ao restante do mundo, o que, segundo o vice, melhora a competitividade de setores como máquinas, retroescavadeiras e motocicletas.

A outra seria o plano de contingência anunciado pelo governo . O chamado Plano Brasil Soberano inclui uma medida provisória que oferece crédito de R$ 30 bilhões aberta pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para auxiliar as empresas afetadas pela sanção do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A linha de crédito terá juros entre 1% e 4% ao ano. 

Além da criação de linha de financiamento, o pacote prevê:

  • mudança das regras do seguro de crédito à exportação,
  • prorrogação excepcional dos prazos de suspensão de tributos,
  • mudanças em fundos garantidores para amparar os exportadores,
  • medidas de contratação pública para incentivar a aquisição de gêneros alimentícios impactados pelas tarifas - uma medida voltada para alimentos como pescado, mel e frutas, que serão inseridos em programas como merenda escolar, alimentação de hospitais. 

Outra medida é a expansão ou a extensão do Reintegra, um programa que já existe para pequenas empresas e que devolve 3% daquele valor que já é exportado pelos empresários, uma forma de tentar minimizar os custos, principalmente com tributos residuais. Agora o governo está estendendo o Reintegra a todas as empresas exportadoras, que terão acesso a essa devolução de 3% do valor exportado. 

O pacote prevê ainda o "drawback", que é uma espécie de suspensão da cobrança de impostos sobre aqueles itens importados que são usados na produção dos bens que são exportados, ou seja, tudo aquilo que eles pegam de insumo, hoje eles vão conseguir a suspensão de impostos por um ano, segundo as informações divulgadas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.