O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, anunciou na manhã deste sábado (20) que o seu governo dará início a procedimentos para isenção de visto de curta duração para brasileiros que visitam o país.
A informação foi divulgada após a reunião entre Kishida e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Hiroshima, no Japão, no âmbito da cúpula do G7, evento promovido pelos países mais ricos, com convidados.
Lula e Kishida trataram de temas como a expansão dos fluxos bilaterais de comércio e investimentos, agenda de paz e segurança e combate à mudança do clima.
“Brasil e Japão precisam estabelecer uma relação mais produtiva não apenas do ponto de vista comercial, mas também do ponto de vista cultural, político e da ciência e tecnologia”, disse o brasileiro.
Já o premiê japonês ressaltou a importância da atuação do Brasil nas discussões de temas globais complexos. “Contamos com a experiência do senhor presidente Lula. Teremos discussões amplas sobre questões como clima, educação, desenvolvimento, paz e estabilidade. Estamos muito dispostos a cooperar com o Brasil.”
O Brasil busca formar parceria em ciência, tecnologia e inovação com o Japão. Alguns interesses são as áreas espacial, inteligência artificial, energias renováveis, materiais avançados e pesquisas oceânicas.
Na área de energias renováveis, há grande potencial nas áreas de bioetanol, combustível sustentável de aviação (SAF) e hidrogênio de baixo carbono, entre outras, além da redução das emissões na indústria siderúrgica.
Ainda sobre a relação entre os dois países, o presidente Lula ressaltou a influência que o Japão teve no desenvolvimento brasileiro. “Desde 1908, muitos japoneses contribuíram para o crescimento do Brasil. Muitos empresários brasileiros investem no Japão”, citou o presidente.
O Brasil abriga a maior comunidade de descendentes de japoneses fora do Japão, mais de 2 milhões de pessoas. No Japão, vive a quinta maior comunidade brasileira no exterior, cerca de 204 mil nacionais e a maioria de origem não asiática.
O Japão teve participação relevante na industrialização brasileira, especialmente nos anos 1960 e 1970. Na época, ocorreram expressivos investimentos em mineração, siderurgia, construção naval, setor automotivo, eletrônicos, papel e celulose. Hoje, o Brasil abriga cerca de 700 empresas japonesas.
Japão é o 10º maior parceiro comercial do Brasil
O Japão foi o 10º maior parceiro comercial do Brasil em 2022, com um comércio bilateral de US$ 11,9 bilhões de dólares. A pauta brasileira de exportações para o país é composta por milho, minério de ferro, carne de frango, café, alumínio, soja e importa autopeças, compostos químicos, máquinas e equipamentos.
A balança comercial entre Japão e Brasil é bem equilibrada. As importações japonesas somaram US$ 5,3 bilhões em 2002, enquanto as exportações brasileiras chegaram à marca de US$ 6,6 bilhões. O Japão também tem sido uma das principais fontes de investimento estrangeiro direto (IED) no Brasil, com estoque de US$ 22,8 bilhões (2021).
Brasil e Japão já desenvolvem uma importante agenda de cooperação técnica desde 1959. Essa relação se dá por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculada ao Itamaraty, com a JICA (Japan International Cooperation Agency).
Um dos primeiros frutos dessa cooperação foi o Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento do Cerrado (Poceder), criado em 1979 em colaboração com a Embrapa, que materializou o grande potencial agroexportador desse bioma.
Um exemplo de cooperação bilateral científica entre os dois países foi o desenvolvimento do sistema nipo-brasileiro de TV digital, implementado em quase toda a América do Sul e países da América Central, África e Ásia.
Desde 2000, Brasil e Japão desenvolvem um programa de cooperação técnica em prol de diversos países em desenvolvimento. Essa iniciativa contempla áreas tais como TV digital, agricultura e policiamento comunitário. (Com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)
O TEMPO agora está em Brasília. Acesse a capa especial da capital federal para acompanhar as notícias dos Três Poderes.