SEGURANÇA PÚBLICA

Fugitivos de Mossoró estavam indo para o exterior, diz Lewandowski após captura

Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento estavam foragidos desde 14 de fevereiro, quando evadiram do sistema penitenciário federal

Por Levy Guimarães | Lucyenne Landim
Publicado em 04 de abril de 2024 | 15:46
 
 
 
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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta quinta-feira (4) que os dois detentos que fugiram do Presídio Federal de Mossoró (RN), no dia 14 de fevereiro, e foram capturados nesta quinta-feira, estavam indo para o exterior. Após 50 dias, eles foram encontrados em Marabá (PA), a mais de 1.500 km do local da fuga.

De acordo com o ministro, ao saber que a dupla não estava mais nas proximidades de Mossoró, houve uma mudança de estratégia por parte da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). “Saímos da busca física e trabalhamos a partir da inteligência, e a mudança de estratégia foi bem sucedida".

"Quando as forças de segurança souberam que os presos não estavam mais no local, elas os monitoravam permanentemente até que pudessem ser localizados nas proximidades de Marabá, onde foram presos em uma ponte. Essa ponte foi fechada de um lado pela PRF e de outro, pela PF. Nesta abordagem, constatou-se que os fugitivos estavam em um comboio do crime”, descreveu Lewandowski.

Ainda não havia a informação de para qual país os dois criminosos planejavam ir, segundo Lewandowski, mas a fuga aconteceria  pelo comboio de veículos utilizado pelo grupo.

Foram recapturados Rogério da Silva Mendonça, 36, conhecido como Tatu, e Deibson Cabral Nascimento, 34, chamado de Deisinho. Os dois são faccionados do Comando Vermelho (CV) e, antes da fuga, foram transferidos de um presídio estadual do Acre para o presídio em Mossoró após uma rebelião que deixou cinco pessoas mortas. 

Rogério e Deibson estavam em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), onde as regras são mais rígidas que as do regime fechado. Nesse tipo de ala há um local para o banho de sol para que os detentos não tenham contato com outros presos. Eles fugiram por um buraco no teto das celas, que são individuais na unidade prisional, e depois cortaram a cerca do presídio com um alicate deixado em um canteiro de obras.

Relembre

O caso foi o primeiro de fuga registrado no sistema penitenciário federal e gerou a primeira crise de Ricardo Lewandowski como ministro da Justiça e Segurança Pública, dias após a posse dele no cargo. Isso porque expôs falhas na segurança da unidade federal, incluindo câmeras desativadas e iluminação precária. Os fugitivos conseguiram escapar ao danificar a estrutura da luminária e cortar as grades externas com alicates.

A demora na recaptura estava prejudicado a imagem do governo federal. Lewandowski, inclusive, evitou divulgar os dados sobre os gastos relacionados à operação de recaptura. Contudo, conforme mostrou O TEMPO Brasília, 34 dias de buscas custaram cerca de R$ 1,5 milhão aos cofres públicos. 

As buscas estavam concentradas  principalmente entre Mossoró e Baraúna, localidades distantes aproximadamente 35 km uma da outra. O período de busca superou o caso do assassino em série Lázaro Barbosa em junho de 2021, em Goiás, que durou 20 dias. A Força Nacional também chegou a ser mobilizada para esse caso.

Em meio às buscas dos fugitivos, a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) transferiu 23 presos do presídio Mossoró. Entre eles, Luiz Fernando da Costa, mais conhecido como Fernandinho Beira-Mar, ex-líder do CV e considerado por autoridades como um dos maiores traficantes da América Latina.

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