NO RIO DE JANEIRO

Lula diz que não é papel do Estado atender mega empresários que só pedem bilhões

Petista disse que rico gosta de ficar devendo e acha charmoso pedir empréstimo no BNDES

Por Manuel Marçal
Publicado em 07 de fevereiro de 2024 | 13:14
 
 
 
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (7) que o papel do Estado “não é atender os mega empresários” que vão à Presidência da República “pedir bilhões e bilhões de reais”. Ele disse ainda que “rico gosta de ficar devendo” e acha “charmoso” pedir empréstimo ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

A declaração ocorreu durante a inauguração do Ginásio Educacional Olímpico e Instituto Federal do Parque Olímpico, na cidade do Rio de Janeiro. Na ocasião, o petista criticou, mais uma vez, quem argumenta que “investimento em educação é gasto”, e avaliou que sem o aporte público "dificilmente o país vai vencer as desigualdades sociais". 

Em seguida, Lula pontuou que é função do Estado fomentar políticas públicas como forma de dar oportunidade para que “todas as pessoas possam vencer na vida”. Nesse sentido, frisou que há segmentos da sociedade que não precisam do Estado, mas que outros sim. “E é para essa gente que o Estado tem que existir”, declarou.

“Esse é o papel do Estado [ de fazer com que todas as pessoas possam vencer na vida]. Não é atender os mega empresários que, a cada vez que vão à Presidência, só querem saber de pedir bilhões, bilhões, bilhões, bilhões e bilhões. Se você pegar a dívida ativa brasileira, você encontra quase R$2 trilhões de dívida. Mas veja se os pobres têm dívida, não tem”, criticou. 

Lula disse também que o pobre não gosta de ficar devendo e deixa até de passar na porta da padaria com medo de ser cobrado. “O rico não. O rico gosta de ficar devendo. Para ele é uma coisa charmosa dizer. ‘Eu peguei R$ 5 bilhões do BNDES, com juros de longo prazo, cinco anos de carência e vou pagar em 15 anos’”, arrematou. 

Ao antagonizar o discurso do “nós contra eles”, que marca sua trajetória política, o petista coloca mais lenha na fogueira no momento em que a equipe econômica e articulação política do governo federal tentam encontrar um meio-termo para a desoneração da folha de pagamento dos 17 setores que mais geram empregos no país. Após pressão de parlamentares e empresários, o Palácio do Planalto recuou na suspensão do benefício fiscal.

A crítica de Lula no Rio de Janeiro aos empresários  cria um contraponto a outra ação do próprio governo federal. Recentemente, com a presença do petista, o Palácio do Planalto anunciou a Nova Política Industrial. Segundo o a União, serão R$ 300 bilhões destinados para o financiamento do setor industrial até 2026. A maior parte dos empréstimos são provenientes do BNDES.

Ainda no discurso, ao pontuar que “pobres não têm dívidas”, o petista deixou de lado o “Desenrola Brasil”, programa de renegociação de dívidas que vai funcionar até o dia 31 de março. O objetivo é "desnegativar" CPFs de brasileiros como forma de aquecer o mercado de consumo. 

Carona de Janja

Uma cena curiosa chamou atenção de quem estava no local da solenidade nesta manhã. Ao chegar no Centro Olímpico, a primeira-dama, Janja da Silva, usou um carrinho de golfe para dar “carona” para o presidente Lula e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD). Ela mesma dirigiu o veículo. 

Complexo do Alemão

Antes de embarcar no início da tarde para Belo Horizonte, a última agenda do petista foi no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Na comunidade, ele anunciou a criação de um Instituto Federal de Educação (IFE). Na ocasião, o petista voltou a defender investimentos em educação e valorização dos professores.

Ele convocou os pais e responsáveis a continuarem cobrando melhorias na educação e pediu mais envolvimento dos adultos na formação dos filhos. “Estou investindo [em educação] para tirar esses meninos da rua, da bala perdida, do crime organizado”. No evento, ele estava acompanhado de Paes, Janja e dos ministros Anielle Franco (Igualdade Racial) e Camilo Santana (Educação). 

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