De olho na 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), em Dubai, no fim deste mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (7) que a questão climática “não é mais loucura” de professor universitário e de ambientalistas, e que o planeta está dando um aviso.
“A questão climática não é mais loucura de professor da USP (Universidade de São Paulo), não é mais loucura de ambientalista, não é mais loucura de nenhum jovem desvairado. A questão do clima é muito séria, e o planeta está dando um aviso: 'Cuide de mim, não me destruam, que vocês serão destruídos junto comigo.' Esse é o recado que a gente está vendo nos ciclones, nos furacões, nas secas”.
A fala ocorreu durante abertura da 6ª edição Brasil Investment Forum 2023 (BIF), que ocorre entre terça-feira e quarta-feira (8) no Palácio do Itamaraty, em Brasília. O evento é promovido pelo Ministério de Relações Exteriores, pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil).
Lula sai em defesa de Marina Silva
Para uma plateia de bancários, grandes empresários e investidores internacionais e do país, Lula fez ainda uma defesa da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que tem sofrido com a rejeição de setores da economia, entre eles da agropecuária.
Atualmente, ela enfrenta até mesmo fogo amigo e resistência interna no governo. A questão sobre exploração de petróleo no litoral Norte do país, próximo ao Estado do Amapá, causou rusgas com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e com políticos, até então aliados daquela região.
A defesa e agradecimento para Marina Silva tem outras conotações políticas, e não significa um apoio direto em si. Desde o início da campanha presidencial, Lula abraçou a pauta climática e a defesa sobre a Floresta Amazônica como forma de fazer uma sinalização para o mundo que ele tem compromisso ambiental diferentemente do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
De olho nos investidores internacionais, o petista quer vender para os estrangeiros a imagem de um Brasil pronto para a transição energética, uma vez que é rico em recursos naturais. O chefe do Executivo federal também se vale do respeito dela em diversos fóruns mundiais para mostrar comprometimento da sua gestão com a agenda ambiental.
“Portanto, ao invés de alguém não gostar da Marina porque ela defende muito a Amazônia, precisa começar a gostar da Marina porque ela começou a fazer por nós aquilo que já deveríamos fazer por nós mesmos”.
Marina Silva já ocupou o mesmo cargo em gestões anteriores do governo Lula, mas deixou a pasta do Meio Ambiente, em 2008, após brigas internas. Dois anos depois, filiada ao Partido Verde, se lançou candidata à presidência da República, mas não elegeu em meio a polarização entre PT e PSDB.
Naquele ano, ela levantou a bandeira da sustentabilidade e da transição ecológica, pautas que, atualmente, são caras ao terceiro mandato do presidente Lula.
"Carne verde" e "indústria verde"
Ainda na presença dos empresários e investidores nacionais e internacionais, Lula disse que o Brasil não vai subsidiar, a exemplo do que fazem os Estados Unidos, a indústria para a transição energética, mas “vai apenas incentivar” para que isso ocorra.
“Se depender da vontade do nosso governo, quem quiser fazer investimento para produzir carro verde, aço verde, bicicleta verde, motocicleta verde, carne verde. Não precisa procurar (outro país). Existe um lugar chamado Brasil, que a natureza nos garante competividade”.