Tensão

MST invade sede do Incra em Alagoas contra novo indicado de Arthur Lira

Na última quarta-feira (24), o governo do presidente Lula nomeou Junior Rodrigues do Nascimento como o novo superintendente do órgão

Por Gabriela Oliva
Publicado em 29 de abril de 2024 | 15:25
 
 
 
normal

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) invadiu, nesta segunda-feira (29), a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas. O ato é um protesto contra a nomeação de Junior Rodrigues do Nascimento como novo superintendente do órgão. O nome contou com o aval do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). 

A nomeação foi feita pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última quarta-feira (24), substituindo Wilson Cesar de Lira Santos, que era primo do presidente do Legislativo.

Antes de chegar ao posto de superintendente, Nascimento atuava como diretor-presidente da Naturagro, entidade com sede em Maceió que representa beneficiários do programa nacional de reforma agrária. No entanto, para o MST, a nomeação representa a continuidade de ideais alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Essa mudança na Superintendência de Alagoas acontece no final do "Abril Vermelho" do MST, que anualmente intensifica invasões de terras para lembrar o assassinato de 21 trabalhadores sem-terra pela Polícia Militar do Pará em 1996.

No ano passado, membros do movimento invadiram a Superintendência do Incra em Alagoas exigindo a exoneração do primo do presidente da Câmara. A saída dele do posto ocorreu no início deste mês, em meio a um atrito entre Lira e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. O ato irritou o alagoense, que abriu ofensiva contra o governo. O que episódio, contudo, foi superado após a "benção" para o nome de Nascimento como superintendente.

O Incra já afirmou que a exoneração do primo de Lira foi uma "troca de cargo de confiança já prevista na gestão da autarquia". O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, responsável pelo órgão, destacou que o cargo requer "articulação com os movimentos e adequação das ações do governo federal para as necessidades dos trabalhadores do campo e das bases da reforma agrária", especialmente diante do fortalecimento do movimento ruralista na Câmara dos Deputados, que busca avançar na pauta anti-invasão.

No decorrer deste mês, com o aval de Lira, o plenário da Câmara aprovou regime de urgência para um projeto de lei que estabelece sanções para invasões ou ocupações de propriedades. Esse projeto impede que os participantes de tais ocupações ou invasões recebam benefícios de programas sociais do governo federal. A votação registrou 293 votos a favor da urgência e 111 contrários, comemorados pela oposição no plenário, apesar dos protestos da liderança governista.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!