Horas antes de ser anunciado como novo presidente da Petrobras, o economista Adriano Pires duvidou da hipótese de haver uma intervenção na Petrobras a ponto de alterar a política de preços da companhia. Em seu perfil no LinkedIn, ele comentou no início da tarde desta segunda-feira (28) que as regras internas da companhia dificultam qualquer mudança nesse sentido.

"Quando o ex-presidente Roberto Castelo Branco foi substituído pelo general (Joaquim Silva e Luna), a grande maioria dos analistas e jornalistas apostava que o general controlaria os preços, mas, pelo contrário, a política de paridade de importação foi mantida. Acho que o risco de intervenção na Petrobras antes das eleições é muito baixo por duas razões. A primeira é que a regulamentação e o compliance da empresa após a Lava Jato dificultam muito que tanto a diretoria quanto o Conselho de Administração tomem ações que possam prejudicar os acionistas. Segundo, se o presidente Bolsonaro interviesse na empresa, seria acusado de fazer a mesma política que Lula", destacou Adriano Pires em sua postagem, feita em inglês.

Colunista no portal Poder360, Adriano Pires tem defendido em seus artigos que a solução para enfrentar a alta dos preços passa pela criação de um fundo com subsídios que possam durar de três a seis meses, cobrindo o "efeito guerra".

"Podemos usar imediatamente recursos dos dividendos pagos pela Petrobras à União ou recursos vindos de royalties, participações especiais ou mesmo da comercialização de óleo feita pela estatal PPSA. O que não podemos, e não devemos, é ceder à tentação de intervir nos preços da Petrobras, algo que só trouxe prejuízos para toda a sociedade brasileira e que significa o atraso do atraso. Precisamos respeitar a legislação de preços livres em toda a cadeia da refinaria até o posto de revenda. Precisamos, também, de uma ANP qualificada.", disse ele em artigo publicado na semana passada.

Segundo ele, essa seria a solução de curto prazo. no longo prazo, a estratégia mais adequada seria ampliar a política de desinvestimentos da Petrobras. Para ele, a venda de refinarias poderia alavancar o beneficiamento desse combustível no Brasil, para que o país dependesse menos do mercado internacional. 

"Esses investimentos precisam ser feitos pela Petrobras e, principalmente, por empresas privadas. O acordo da Petrobras com o Cade prevê a venda de metade da capacidade de refino da empresa. Se tivéssemos vendido refinarias, com certeza nossa dependência de importações de derivados já seria bem menor", disse no artigo publicado no dia 22.

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