A Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), em Brasília, na manhã desta quarta-feira (2). A parlamentar é investigada por supostamente contratar um hacker para invadir sistema do Judiciário
A corporação também prendeu o hacker Walter Delgatti Neto no interior de São Paulo. Ele ficou conhecido por ter invadido telefones de autoridades envolvidas com a operação Lava Jato, em episódio que ficou conhecido como "Vaza Jato" após mensagens trocadas pelos integrantes da força-tarefa por meio do Telegram serem publicadas pelo site The Intercept.
Por causa desse vazamento, Delgatti ficou preso preventivamente de julho de 2019 a setembro de 2020. Ele já responde a uma ação penal acusado de interceptação telefônica ilegal (por 126 vezes) e invasão de dispositivo informático (por 176 vezes), crimes que, considerados individualmente, têm pena máxima de quatro anos de prisão.
Já Zambelli é alvo da PF nesta quarta por, supostamente, contratar Delgatti para fraudar as urnas eletrônicas e tentar inserir no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) um mandado de prisão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Para o suposto serviço criminoso, Delgatti recebeu R$ 13.500, em espécie e via Pix, segundo a PF. Os investigadores dizem que os pagamentos foram feitos por dois servidores do gabinete de Zambelli que hoje são alvo das buscas: Renan Cesar Silva Goulart e Jean Hernani Guimarães Vilela.
Esses pagamentos estão entre as principais provas consideradas por Alexandre de Moraes para ordenar as buscas e apreensões desta quarta no gabinete da deputada e no apartamento dela em Brasília, e ainda nas casas dos assessores dela, um em Brasília e outro em São Paulo.
"Os crimes apurados ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ e, possivelmente, de outros tribunais do Brasil, 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso em desfavor do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes", informou a PF por meio de nota.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, falou sobre a operação da PF por meio do Twitter. "Em prosseguimento às ações em defesa da Constituição e da ordem jurídica, a Polícia Federal está cumprindo mandados judiciais relativos a invasões ou tentativas de invasões de sistemas informatizados do Poder Judiciário da União, no contexto dos ataques às instituições", escreveu.
Em prosseguimento às ações em defesa da Constituição e da ordem jurídica, a Polícia Federal está cumprindo mandados judiciais relativos a invasões ou tentativas de invasões de sistemas informatizados do Poder Judiciário da União, no contexto dos ataques às instituições.
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) August 2, 2023
O nome da “Operação 3FA” é uma referência à autenticação de dois fatores (2FA), método de segurança de gerenciamento de identidade e acesso que exige duas formas de identificação para acessar recursos e dados, sendo que, tendo os investigados violado o sistema, foi necessária a atuação do Estado (PF, MPF e Judiciário), que atuou na repressão à conduta criminosa e na prevenção a novas ações semelhantes.