Clima

Seca histórica no Amazonas impede transporte em rios e ameaça entrega de comida

Dos 62 municípios do estado, 59 sofrem com a seca dos rios, essenciais para o transporte de pessoal e de cargas

Por Renato Alves
Publicado em 26 de setembro de 2023 | 11:25
 
 
 
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Em meio à onda de calor que afeta quase todo o país, o Amazonas enfrenta uma estiagem histórica. Dos 62 municípios do estado, 59 sofrem com a seca dos rios, essenciais para o transporte de pessoal e de cargas no território. Nas últimas duas semanas, houve uma redução de 40% na capacidade de transporte fluvial na região. Mais de 80 mil pessoas enfrentam as consequências, segundo a Defesa Civil estadual. 

A estiagem já compromete a chegada de insumos e a distribuição de produtos da Zona Franca de Manaus. A situação deve afetar a distribuição de água e alimentos para cerca de 500 mil pessoas até o fim de outubro. Cerca de 20 mil crianças podem ficar sem ter como chegar às escolas. 

As informações são do governo do Estado, que no fim de semana anunciou medidas de apoio às famílias afetadas em áreas como saúde e abastecimento de água, bem como na distribuição de cestas básicas, kits de higiene pessoal, renegociação de dívidas e fomento para produtores rurais. O governo estadual estima precisar de aproximadamente R$ 100 milhões para colocar as ações emergenciais em prática.

Treze municípios do Amazonas têm o decreto de situação de emergência por causa da seca dos rios. No entanto, ainda estão em análise para homologação do estado e reconhecimento do governo federal. Há outros 16 municípios em estado de alerta, outros 30 em atenção e somente três cidades em situação de normalidade: Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva e Apuí. A informação é do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. 

Os municípios mais afetados são os localizados na Calha do Alto Solimões, onde fica Benjamin Constant e São Paulo de Olivença. Além deles, Atalaia do Norte, Amaturá, Santo Antônio do Içá e Tonantins estão na lista. Em Atalaia do Norte, o rio está tão baixo que a empresa de abastecimento não consegue mais captar água. Mais de 5 mil pessoas estão sem acesso à água potável. 

A seca no Amazonas deriva da influência do fenômeno climático El Niño, que inibe a formação de nuvens de chuva, a estiagem deste ano seja prolongada e mais intensa, se comparada a anos anteriores, segundo a Defesa Civil.

Governadores se reúnem com ministros em Brasília

Na segunda-feira (25), o governador Wilson Lima (União Brasil) e o líder da bancada amazonense no Congresso, Omar Aziz (PSD), conversaram por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se colocou à disposição para alinhar ações em apoio aos moradores dos municípios afetados.

Lima desembarca em Brasília nesta terça (26) para participar de uma reunião de emergência. Além de Wilson, participarão do encontro o governador de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil), além de deputados e senadores dos estados. Eles vão se encontrar com os ministros Renan Filho (Transporte) e Sílvio Costa Filho (Portos e Aeroportos). O grupo tratará da ajuda humanitária às comunidades que estão isoladas com a seca dos rios e as soluções para deslocamento de insumos e pessoas.

 

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