Conflitos rurais

Grupo de trabalhadores sem terra invade fazenda no Norte de Minas

Proprietários afirmam que a fazenda ocupada servia para criação de cavalos e plantação de legumes. Trabalhadores dizem que só saem após decisão da justiça

Por Hermano Chiodi
Publicado em 07 de maio de 2023 | 14:53
 
 
 
normal

Um grupo com 15 famílias de trabalhadores sem terra invadiu uma fazenda em Jequitaí, no Norte de Minas, neste sábado (6/5). Os invasores, vinculados à Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade (FNL), argumentam que a fazenda estava abandonada e não cumpria sua função social. A ocupação ocorreu sem nenhum tipo de conflito e foi registrada pela Polícia Militar.

Os proprietários da área negam que a fazenda seja improdutiva. Segundo eles, o local é utilizada para criação de cavalos e plantação de quiabo e abóbora. “Eu tenho irrigação, tenho trator e criação de cavalo na fazenda. O pessoal chegou armado e entrou no momento em que o funcionário que fica no local tinha saído”, diz Evandro da Rocha, proprietário da fazenda.

No boletim de ocorrência, registrado pela polícia militar, consta que  a porteira da fazenda estava aberta quando os ocupantes chegaram e que não havia ninguém no local. Neste momento, os sem terra controlam o acesso à fazenda e não permitem a entrada da polícia.

Os ocupantes informaram para os militares que cerca de 75 pessoas estão na fazenda, incluindo famílias inteiras com mulheres e crianças, e dizem que só sairão da área após decisão da justiça.

Neste domingo (7/5), a reportagem não conseguiu contato com o porta-voz do movimento.

Repercussão

O deputado federal Delegado Marcelo Freitas (União) está acompanhando o caso e afirmou que um ofício foi encaminhado à Polícia Militar para garantir a imediata retomada da propriedade e diversas entidades da sociedade civil foram acionadas para auxiliar nesse processo. “Compreendemos que a invasão é um crime que precisa ser imediatamente reprimido”, afirma.

No vídeo feito pelo deputado nas redes sociais, Marcelo Freitas vincula a invasão com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), porém, a coordenação do Movimento afirmou à reportagem que não realizou nenhuma invasão em Minas Gerais e que os acontecimentos em Jequitaí não têm relação com o MST.

Abril é um mês marcado pela “Jornada de lutas” dos movimento sem terra, uma forma de lembrar o “Massacre de Eldorado do Carajás”, ocorrido em 17 de abril de 1996, quando a polícia militar do Pará matou 21 Trabalhadores Sem Terra durante operação para desobstruir uma Estrada que estava fechada por uma marcha do MST rumo à Belém, capital do Estado.

Durante os atos deste ano, o MST invadiu o prédio do Incra, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, em Belo Horizonte, pedindo pressa em novos assentamentos e uma definição sobre o comando do órgão em Minas Gerais.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!