Fundado em 2008, o Instituto de Formação de Líderes de Belo Horizonte (IFL-BH) nasceu como um braço do Instituto de Estudos Empresariais (IEE) na capital mineira. A mudança de nome foi a única do ponto de vista institucional, já que a entidade preserva, desde sua fundação, os mesmos valores defendidos. “São valores de liberdade, o respeito aos direitos individuais, à liberdade de escolha, econômica e de imprensa”, pontua Lucas Vidigal, presidente do IFL-BH.
Se por um lado o instituto permaneceu o mesmo no que diz respeito às bandeiras defendidas, por outro a sociedade mudou ao longo dos últimos 11 anos, na avaliação de Vidigal. “Quando começamos, éramos poucos associados, um grupo muito restrito. E hoje a gente vê que a sociedade, de uns tempos para cá, vem se interessando mais por esse tema, em como a liberdade é importante e um caminho para a prosperidade”, ressalta, acrescentando que o liberalismo não traz benefícios apenas para grandes empresários, mas para toda a sociedade. Atualmente, o IFL-BH conta com cerca de cem associados.
Com uma atuação voltada à formação de lideranças para agir em diferentes setores da sociedade, o IFL-BH faz reuniões semanais com os associados. Os encontros acontecem todas as segundas-feiras à noite, com palestras de especialistas, além de debates. Os participantes também se dedicam a uma bibliografia especializada em diversos temas.
“Acreditamos que esses líderes serão agentes de transformação, de mudança na sociedade. Eles serão propagadores desse conhecimento na sociedade, no trabalho, em casa”, explica Tatiana Mattar, ex-presidente do instituto. Ela dá exemplos de nomes que passaram pela instituição, a exemplo do deputado estadual mineiro Bartô (Novo). Atual secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Paulo Uebel foi presidente do IEE na cidade de Porto Alegre.
Sem fins lucrativos e com atuação apartidária, o IFL-BH prepara-se para uma nova etapa de sua história: a contribuição para a formação de políticas públicas. “Estamos atingindo um ponto de maturidade da nossa história. Temos já um corpo de ex-membros, pessoas formadas que têm muita capacitação e assumem cargos de liderança nas suas empresas, na sociedade ou até mesmo no governo. Acredito que a gente pode começar a pensar um pouco em desenvolver políticas públicas no país que vão tentar garantir um pouco mais de liberdade e desenvolvimento”, diz Lucas Vidigal.
Tatiana Mattar ressalta que o instituto permanece apartidário, sem interesse em “formar um novo presidente”, mas que a entidade é atuante. “Caso o governo venha a fazer algo para tirar uma liberdade ou outra, podemos atuar em cima disso. Mas não temos objetivo de fazer um novo presidente. Não temos atuação política”, reforça.
Para participar do IFL-BH, é preciso ser indicado por algum membro efetivo da instituição, que abre inscrições duas vezes ao ano, a cada início de semestre. Os associados cumprem um ciclo de capacitação que varia conforme o ritmo de cada pessoa.
Empreendedorismo dificultado
Apesar de a sociedade brasileira ter avançado no que diz respeito às liberdades individuais, o liberalismo econômico ainda está aquém do esperado, na avaliação do Instituto de Formação de Líderes de Belo Horizonte (IFL-BH). De acordo com Lucas Vidigal, presidente da entidade, o governo ainda tem um papel muito forte no poder de decisão das pessoas.
“Em termos de algumas liberdades importantes, como a de imprensa, de escolha, essas liberdades mais do lado social, a gente já tem esses direitos relativamente bem resguardados. Mas o país ainda é muito fechado. Se você quiser comprar determinado produto tem que ser aqui dentro (do país). Se quiser comprar do exterior, existe uma série de barreiras burocráticas, alfandegárias ou até legais”, pontua Vidigal.
As dificuldades se estendem também aos empreendedores, de acordo com o presidente do IFL-BH. “O empreendedor nada mais é do que alguém que soluciona o problema da sociedade através daquele empreendimento. Muitas vezes a prática é dificultada por lei, por regulamentação excessiva, burocracia, uma carga tributária muito alta. No campo da liberdade econômica é onde ainda temos muito a evoluir”, diz.
Percepção
Mesmo com as dificuldades, a percepção da sociedade aumentou nos últimos anos. “Antigamente, o brasileiro era muito pacífico. E hoje tem consciência da responsabilidade de cada um. Se quisermos mudar algo, precisamos ser agentes dessa transformação, não adianta ficar esperando”, diz Tatiana Mattar, ex-presidente do IFL-BH.
Ainda na avaliação dela, a tendência é de que essa consciência e engajamento cresçam. “Cada vez mais o brasileiro vai ver que, para mudar o caminho do país, é preciso começar dentro de casa e por nós mesmos. Vejo que os brasileiros estão tomando a frente, e as consequências estão aparecendo”, afirma.
Em sua décima edição, o Fórum Liberdade e Democracia é uma das ferramentas adotadas pelo IFL para debater questões que ajudam no desenvolvimento da sociedade. Na edição do ano passado, em virtude das eleições estaduais e presidencial, o evento convocou os participantes a assumirem a responsabilidade na escolha que o Brasil iria tomar a partir da posse dos novos governantes.