IRAN BARBOSA

A indústria mineira que deu certo durante a maior crise da história

Soluções simples podem levar Minas de volta ao crescimento


Publicado em 22 de maio de 2019 | 03:00
 
 
 
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O peso da indústria no PIB de Minas caiu mais de 25% em seis anos. Há quem possa colocar essa queda na conta da revolução pela qual a cadeia produtiva tem passado nos últimos anos, mas a verdade é que essa retração é mais forte no Brasil do que no mundo – e é mais forte em Minas que no Brasil.

O pior é que tudo isso era evitável.

Cinco anos atrás, em meu primeiro ano como deputado estadual, descobri que nosso Estado tinha uma legislação ambiental muito defasada. Tão atrasada, aliás, que o licenciamento de usinas fotovoltaicas (alimentadas por luz solar) era tão burocrático quando o de suas concorrentes muito mais poluentes.

Não foi complexo mudar esse cenário, mas foi trabalhoso.

Eu me lembro até hoje da minha primeira reunião com o promotor de Defesa do Patrimônio Público, Geraldo Ferreira, e com o procurador geral do Ministério Público, Carlos André Mariani, sobre a necessidade de formularmos um texto que permitisse acabar com a burocracia que impedia esses investimentos sem prejudicar o erário.

Com a diligência de ambos, saí da reunião com uma proposta de texto para uma nova regulamentação do setor de energia em Minas Gerais, mas não cabia à Assembleia Legislativa votar nova lei. Em seu lugar era necessário que o Conselho de Política Ambiental (Copam) mudasse a deliberação normativa que dava à área. Essa responsabilidade, o então secretário Sávio Souza Cruz executou com excelência, publicando o novo texto em três dias úteis.

Os resultados vieram.

Durante a maior crise da história brasileira, nada menos que R$ 9 bilhões foram investidos no Norte de Minas para a construção de usinas fotovoltaicas, onde cerca de 9.000 empregos foram criados. É mais do que o atual governo de Minas espera atrair em investimentos para todo o Estado nos próximos quatro anos.

Enquanto a indústria encolheu em Minas Gerais como um todo, a indústria da eletricidade cresceu 26% em nosso Estado entre 2014 e 2016. Enquanto o faturamento das indústrias caiu em todas as regiões, no Norte de Minas o crescimento foi de 78% em 2016.

Eu fiz a minha parte.

Em uma época tomada por guerra ideológica, crise econômica e fake news, o slogan de “o deputado que mais criou empregos em Minas” perdeu espaço. O eleitor não vota no que não valoriza – e quem não é votado não se elege.

Hoje, é preciso que os que assumiram o meu lugar façam as partes deles.

Ainda há problemas simples no Estado que, corretamente dialogados, podem destravar bilhões de reais em investimentos nas mais diversas áreas.

Podemos tornar nossos tributos mais simples sem abrir mão de receitas.

Há como melhorar processos internos de tramitação de simples documentos que travam por meses a instalação de novos empreendimentos no Estado.

É preciso parar de atacar moinhos de vento ideológicos e começar a trabalhar em áreas concretas de melhorias para os cidadãos.

Sei que é difícil pedir para os políticos que foquem  um trabalho que (como ficou claro no meu caso) não dá votos. No entanto, se não realizado, o futuro do nosso Estado será tenebroso.

Minas Gerais precisa urgentemente combater a burocracia e a divisão ideológica que emperram nossa economia. O governador Romeu Zema precisa trabalhar com os políticos eleitos e vice-versa. A eleição acabou, senhores. A bola está nos pés de vocês.

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