O deputado estadual João Vítor Xavier vai se filiar, no próximo dia 27, ao Cidadania (antigo PPS) e já começa a planejar a candidatura para a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) no ano que vem. A informação foi confirmada a O TEMPO, nesta quinta-feira (16), pelo presidente estadual do partido em Minas, Raimundo Benoni. Com cautela, o ex-tucano disse à reportagem que as conversas com a sigla estão bem encaminhadas e que concorda com o projeto apresentado pela agremiação. O parlamentar se desfiliou, no último mês, do PSDB.
“Nós já avançamos bem nas conversas. Ele (João Vítor Xavier) é um quadro promissor na participação política e o Cidadania, que passa por um processo de transformação, tem um projeto nacional de ter candidaturas fortes em todas as capitais do país”, explicou o presidente. Ainda segundo ele, o deputado “apresenta uma candidatura à altura do que Belo Horizonte precisa, de uma gestão moderna, democrática, inovadora, arrojada e atendendo às necessidades de uma capital”.
João Vítor explicou que depois que deixou o ninho tucano recebeu convites de diversas legendas e mantém as conversas avançadas com o Cidadania porque o projeto da legenda é renovador e com novas ideias. Para ele, isso abre “um campo democrático, popular, social” que o permite colocar em prática muitas das ideias que tem para vida pública: “Então, é um caminho que está se estreitando e nos próximos dias podemos avançar mais nesse sentido”.
Sobre a candidatura para a chefia da capital mineira, o parlamentar evitou dizer categoricamente que vai disputar o pleito, mas indicou que tem vontade de apresentar suas ideias para os belo-horizontinos. Ele, no entanto, salientou que essa decisão não depende somente do desejo do candidato, mas sim do coletivo. Na avaliação do político, a cidade hoje carece de uma “oposição respeitosa, inteligente, que apresente ideias”.
“Eu gostaria de construir com outros grupos e com forças políticas da cidade esse campo que reconhece o avanço da cidade como um todo nas últimas décadas, mas gostaria de apresentar ideias diferentes para saúde, mobilidade. Sinto cada vez mais que uma grande parcela da população está aberta para essa discussão, dessa frente em prol da cidade, e eu gostaria de representar essa frente, mas não depende só de mim, e sim de uma decisão coletiva”, disse João Vítor.
Negociações com Luciano Huck
Além das articulações estaduais, a ida do deputado para a sigla teria contado com negociações feitas por figuras nacionais que trabalham na reestruturação da imagem e das diretrizes do antigo PPS. Entre elas está o deputado federal Daniel Coelho (PE), que é líder da bancada da agremiação na Câmara, e o apresentador Luciano Huck. Esse último, inclusive, tem indicado a movimentos políticos, dos quais faz parte, para que se alinhem com o Cidadania.
Outro que teria apoiado a ida de João Vítor Xavier para o Cidadania é o presidente do Democratas de Minas Gerais, o senador Rodrigo Pacheco. As informações de bastidores são de que ele também teria convidado o ex-tucano para se juntar ao DEM, mas ao final do processo teria sido decidido que a a agremiação vai apoiar o deputado estadual nas eleições para PBH no ano que vem e, dois anos depois, o partido iria retribuir a aliança apoiando Pacheco para a disputa pelo governo do Estado.
Presidência do Cidadania
Também é ventilado nos bastidores que João Vítor Xavier pode assumir a presidência do partido em Minas. Sobre isso, ele explicou que assumir o cargo de chefia não foi pedido como pré-condição para ele decidir se vai ou não se juntar a legenda e ressaltou que, se confirmada a sua filiação, isso vai ser discutido posteriormente.
Caso se confirme a minha filiação ao Cidadania, não seria uma filiação só minha, mas sim com outros atores da política do Estado e, sendo assim, precisa ser construída uma nova forma de partido para que outras pessoas sejam incluídas, para que movimentos sociais que se aproximam do Cidadania sejam abraçados. A possibilidade que está sendo discutido é coletivamente”, disse.
“O que a gente espera e conversa com o Cidadania é da possibilidade de ele ser esse espaço de abrigar essas pessoas e movimentos, como o ‘Acredito’, ‘Livres’, ‘Agora’, que acreditam em um novo jeito de fazer política, livre, independente, em que as pessoas tenham liberdade de exercer seus mandatos, onde não tenha tutela, patronato e seja um grande somatório de ideias e de renovação do modelo político”, disparou o ex-tucano.
O atual presidente do antigo PPS, Raimundo Benoni, declarou que não tem apego a função ou a cargo e que isso vai ser discutido no mês de junho, quando a executiva nacional vai se reunir para tratar sobre o tema.