BRASÍLIA – O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para a próxima segunda-feira (24) os interrogatórios dos sete réus do chamado “núcleo 4” do inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado no Brasil após as eleições de 2022. 

Os depoimentos serão feitos por videoconferência e foram oficialmente agendados nesta quarta-feira (16) pela juíza auxiliar Luciana Yuki Fugishita Sorrentino, do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Ela será responsável por conduzir a audiência.

A fase marca o avanço das ações penais contra o grupo acusado de orquestrar uma rede de desinformação e promover ataques virtuais a instituições democráticas, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o STF. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o núcleo 4 atuava estrategicamente na propagação de conteúdos falsos e operava em conexão com outras frentes da trama golpista.

Durante esta semana, o Supremo também ouviu testemunhas de defesa dos núcleos 2 e 4. Entre as testemunhas, Júlio César Valente da Costa, secretário de tecnologia da informação do TSE, afirmou que o relatório produzido pelo Instituto Voto Legal – vinculado a um dos réus – apresentava “uma sequência de equívocos técnicos” e era tecnicamente insustentável.

Quem são os réus do núcleo 4

Ailton Gonçalves Moraes Barros – ex-major do Exército. Teria articulado ataques contra comandantes militares e difundido desinformação sob orientação de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ângelo Martins Denicoli major da reserva do Exército. É acusado de participar da produção de conteúdo falso sobre o sistema eleitoral

Carlos César Moretzsohn Rocha – engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal, responsável por um relatório repleto de inconsistências técnicas utilizado pelo PL para questionar o resultado das eleições.

Giancarlo Gomes Rodrigues – subtenente do Exército. Teria atuado em uma estrutura paralela de inteligência para produzir e divulgar dados falsos sobre adversários políticos.

Guilherme Marques de Almeida – tenente-coronel do Exército. Usou conhecimento técnico para disseminar conteúdo enganoso sobre fraudes nas eleições.

Marcelo Araújo Bormevet – agente da Polícia Federal e ex-integrante da Abin. Teria ajudado a estruturar e operar a chamada “Abin paralela” para fins políticos.

Reginaldo Vieira de Abreu – coronel da reserva do Exército. Atuou na tentativa de manipular o relatório das Forças Armadas sobre as urnas eletrônicas para alinhá-lo a narrativas falsas.

Todos respondem por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. As penas somadas podem ultrapassar 40 anos de prisão.