BRASÍLIA - A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro criticou, neste domingo (7/9), o endurecimento da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Às vésperas do julgamento do marido, a ex-primeira-dama, em lágrimas durante todo o discurso na avenida Paulista, em São Paulo (SP), se disse humilhada com as medidas cautelares adotadas pela Polícia Federal (PF).
Pré-candidata ao Senado pelo Distrito Federal, Michelle enfatizou, diversas vezes, que Bolsonaro está em domiciliar, como ao pontuar que o ex-presidente gostaria de estar na Paulista. “Ou até mesmo entrar por videochamada, porque as nossas liberdades estão cerceadas. A liberdade de expressão e de locomoção dele foi violada”, ressaltou.
A ex-primeira-dama acusou as medidas adotadas pela PF de violarem a Constituição. “Ali, fala que a casa é um asilo inviolável. Ali, fala que ninguém vai sofrer tortura, que ninguém vai sofrer a violação dos seus direitos, que a pessoa não vai sofrer a degradação, e eu vejo todos os dias isso acontecer na porta da minha casa”, reclamou.
Moraes autorizou o policiamento em tempo integral das redondezas da casa de Bolsonaro após representação do líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ). O deputado federal havia pedido a prisão preventiva do ex-presidente em razão do risco de fuga apontado pela PF ao encontrar a minuta de um pedido de asilo político à Argentina com Bolsonaro.
Segundo Michelle, a própria casa e a família estariam sendo “violadas”. “A minha filha de 14 anos tem que ir para a escola e todos os dias eu tenho que abrir o carro para ver se tem alguém escondido dentro. É muita humilhação, mas faz parte. A humilhação faz parte do processo e nós vamos sair mais fortes”, emendou a ex-primeira-dama.
Ela voltou a se referir às restrições mais tarde, já no fim do discurso, quando afirmou que Bolsonaro estaria “amordaçado” em casa. “Não foi julgado e está preso, com policiais toda hora olhando o muro dos vizinhos para ver se tem a possibilidade de ele pular. Como um homem com 70 anos, sequelas de uma facada, que passou por uma cirurgia recente de 12 horas, vai pular um muro?”, contestou.