“Gastei tempo discutindo a bobagem do voto impresso”, afirma Barroso

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta sexta-feira que deveria ter reservado mais tempo para debater pautas identitárias enquanto era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de 2020 a 2022.

“Ao invés disso, gastei tempo discutindo a bobagem do voto impresso", completou.

Em palestra no Congresso Brasileiro de Magistrados, em Salvador, ele citou como uma das pautas a que deveria ter dado mais atenção a criação de vagas para mulheres no Congresso Nacional.

Ao longo do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro defendeu a adoção do chamado voto impresso nas eleições deste ano, mas a proposta foi derrotada na Câmara dos Deputados.

Nesta sexta, Barroso defendeu o sistema eletrônico de votação. “Com o voto eletrônico nós acabamos com a fraude que marcava a história da democracia brasileira, agora existem riscos”.

‘Retrocesso democrático’

Na palestra, Luís Roberto Barroso citou países como Hungria, Polônia, Rússia e Venezuela como exemplos de democracias que sofrem um processo de ‘erosão’.

“[Esses países] Têm preferido retrocesso democrático, legalismo autocrático, constitucionalismo abusivo, autoritarismos competitivos e outros nomes que procuram identificar este momento de erosão da democracia, e os exemplos são muitos”, disse.

Segundo o ministro, mesmo em democracias “consolidadas”, como os Estados Unidos e o Reino Unido, houve um processo autoritário populista.

Barroso também fez críticas ao uso das mídias digitais por parte de alguns grupos políticos.

"A internet virou um espaço onde se difunde ódio e desinformação e de propagação da intolerância".

No mesmo evento, o atual presidente do TSE, ministro Edson Fachin, voltou a responder aos ataques do presidente Jair Bolsonaro ao processo eleitoral. Fachin pediu que todos os Poderes prometam respeitar o resultado das eleições.

Já na quinta-feira (12), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse ser “inacreditável” que ainda seja necessário defender a democracia.

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