TSE

Informações vazadas por Bolsonaro ajudam milícias digitais, diz Barroso

Ministro do STF e presidente do TSE, Luís Roberto Barroso criticou Bolsonaro por 'atitude deliberada de facilitar ataques criminosos'

Por Luana Melody Brasil
Publicado em 01 de fevereiro de 2022 | 20:03
 
 
 
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O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, criticou o presidente da República Jair Bolsonaro (PL) pelo vazamento de informações sigilosas e por levantar suspeitas sobre a urna eletrônica em favor do voto impresso. 

"Ninguém fornece informações que possam facilitar ataques. Tudo aqui é transparente, mas sem ingenuidades. Informações sigilosas fornecidas pela PF [Polícia Federal] foram vazadas pelo presidente, divulgando dados que auxiliam milícias digitais", disse Barroso, nesta terça-feira (1º).

Ele discursou na cerimônia virtual de abertura dos trabalhos do TSE neste ano. Também compareceram à videoconferência os demais ministros do tribunal e o procurador-geral da República, Augusto Aras.

O combate à desinformação e ao comportamento de milícia digital tem preocupado o Judiciário e empresas de redes sociais após a experiência das eleições de 2018. Em reportagem divulgada no último domingo pelo O TEMPO, foram levantadas iniciativas do TSE e das empresas responsáveis pelo Twitter, Instagram, Facebook e Whatsapp para coibir a prática de milícia digital. 

Urnas eletrônicas e voto impresso

O presidente da Corte eleitoral ainda citou Bolsonaro em outro momento, quando se referiu à comissão de transparência criada pelo tribunal para fiscalização dos testes das urnas eletrônicas que serão utilizadas nas eleições de outubro.

"O presidente vazou a estrutura interna da TI [Tecnologia da Informação]. Tivemos que tomar uma série de reforços. Faltam adjetivos para a atitude deliberada de facilitar ataques criminosos", reforçou Barroso.

Em outro momento do discurso, o presidente do TSE criticou as tentativas de retomar a discussão sobre o voto impresso, que costuma ser pautada por Bolsonaro e apoiadores. O chefe do Executivo federal não apresentou provas da suposta fragilidade do sistema eletrônico de votação.

"Não há qualquer sentido em se retomar a discussão sobre o voto impresso com contagem pública manual para as eleições 2022, como voltou a circular. Um retrocesso que já assombrou o país no ano passado, e que volta e meia é ressuscitado", frisou Barroso.

Ele também explicou que, além de o projeto para retomar o voto impresso ter sido descartado pelos parlamentares no ano passado, o calendário eleitoral de 2022 não permite que mudanças feitas neste ano tenham efeito nas eleições.

"Para a Justiça Eleitoral, já não daria tempo de operacionalizar o desenvolvimento de um novo sistema, fazer o protótipo da impressora – que não é uma urna pronta de balcão, mas é customizada para garantir o sigilo. Não daria tempo para isso, não daria tempo para fazer a licitação e produzir 500 mil impressoras", detalhou o presidente do TSE.

Segundo o ministro, trata-se de uma "tentativa deliberada de tumultuar o processo eleitoral". "O país está precisando, em meio a muitas coisas, de debate de ideias e não da repetição de bobagens", acrescentou.

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