Gabinete paralelo

Milton Ribeiro e pastores passam por audiência de custódia nesta quinta-feira

Os pastores presos são ligados a Bolsonaro e apontados como lobistas que atuavam no MEC. Ribeiro disse em entrevista que atendeu os dois a pedido do presidente, mas negou que os favoreceu

Por Renato Alves
Publicado em 23 de junho de 2022 | 08:53
 
 
 
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A Justiça ouve nesta quinta-feira (23) três dos cinco presos pela Polícia Federal por suposto envolvimento em esquema de corrupção na liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao Ministério da Educação, durante a gestão de Milton Ribeiro, no governo de Jair Bolsonaro. Todos vão ser submetidos à audiência de custódia. 

O ex-ministro será ouvido de São Paulo, onde passou a noite na carceragem da Superintendência da PF. O pastor Arilton Moura está preso no Pará. Por isso ambos serão ouvidos por videoconferência pela 15ª Vara da Justiça Federal, em Brasília. Já o pastor Gilmar Santos participará presencialmente, pois está na capital. 

Além dos três principais investigados, outras duas pessoas foram presas durante a operação: o ex-assessor do MEC e advogado Luciano de Freitas Musse e o ex-assessor da Prefeitura de Goiânia Hélder Diego Bartolomeu.

Todos são acusados de pelos crimes de tráfico de influência (com pena prevista de dois a cinco anos de reclusão), corrupção passiva (dois a 12 anos de reclusão), prevaricação (três meses a um ano de detenção) e advocacia administrativa (um a quatro anos de prisão). 

Os recursos são do FNDE, órgão ligado ao MEC controlado por políticos do Centrão, bloco político que dá sustentação a Bolsonaro desde que ele se viu ameaçado por uma série de pedidos de impeachment e recorreu a esse apoio em troca de cargos e repasses de verbas federais.

O fundo concentra os recursos federais destinados a transferências para municípios.

Milton Ribeiro disse que recebeu pastores por ordem de Bolsonaro

Os pastores presos são ligados a Bolsonaro e apontados como lobistas que atuavam no MEC. Ribeiro disse em entrevista que atendeu os dois a pedido do presidente, mas negou que os favoreceu. 

No entanto, áudios revelados pela Folha de S. Paulo mostraram diálogo em que Ribeiro compromete ele próprio e o presidente.

Já Bolsonaro, quando o escândalo veio à tona, em março, se apressou em defender Milton Ribeiro ainda no cargo. O presidente chegou a afirmar que “bota a cara toda no fogo” pelo ex-ministro. 

Mas, dias depois, Ribeiro caiu, diante de novas denúncias, feitas por prefeitos que acusavam os pastores de montar um gabinete paralelo para negociar a liberação das verbas do FNDE. 

Apesar de nenhum dos religiosos ter cargo no MEC, eles chegaram a receber prefeitos no edifício-sede do ministério. Prefeitos contaram que os pastores pediram dinheiro e até ouro como propina.

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