A Polícia Federal investiga uma mensagem enviada por Luciana Almeida, assessora de Carlos Bolsonaro, para o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). A mensagem, de novembro de 2022, busca informações de inquéritos da PF relacionados à suposta interferência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na eleição de 2022.
Na mensagem, obtida por O Globo, Luciana Almeida solicita ajuda a Ramagem e cita a delegada Isabela Muniz Ferreira, responsável pela apuração dos inquéritos. Em novembro, a PF instaurou um inquérito para investigar se a cúpula da PRF atuou para prejudicar o trânsito durante o pleito.
Procurada pelo jornal, a delegada Isabela Muniz Ferreira afirmou que a área de inteligência da PF vai auditar os inquéritos mencionados nas mensagens para entender como as informações vazaram. Ela esclareceu que os números citados não correspondem às investigações, e que o fato de terem mencionado seu nome não compromete sua posição no inquérito.
A mensagem enviada a Ramagem foi obtida pela PF por meio de uma quebra de sigilo autorizada pelo STF, permitindo acesso aos arquivos do celular de Ramagem. Na última quinta-feira (25), o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi alvo de um mandado de busca e apreensão pela PF.
Segundo informações da PF o sistema denominado First Mile permitia que agentes da Abin monitorassem até 10 mil celulares a cada 12 meses, utilizando apenas o número da pessoa para realizar a vigilância.
O software israelense foi adquirido durante o governo Michel Temer (MDB), mas suspeita-se de seu uso indevido durante o governo de Jair Bolsonaro. Há suspeitas de que ministros do STF, governadores, outros políticos e jornalistas possam ter sido alvo desse monitoramento ilegal.