Alegava fraude eleitoral

PF: Mauro Cid cita senador Heinze como ‘radical’ que defendeu golpe após eleição

Parlamentar do PP do Rio Grande do Sul aparece em acordo de delação do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro

Por O TEMPO Brasília
Publicado em 15 de fevereiro de 2024 | 16:03
 
 
 
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O tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, identificou o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) como integrante do grupo de "radicais" que contestava a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022 alegando fraude eleitoral e defendia uma intervenção militar no país. O senador negou as acusações.

Nas investigações da Polícia Federal, com quem Mauro Cid fez um acordo de delação premiada, consta a organização de uma reunião entre Heinze e Bolsonaro, em 12 de novembro - duas semanas após o resultado do segundo turno das eleições. Essa articulação teria sido feita entre o então ajudante de ordens e o candidato a vice na chapa presidencial do ex-presidente, general Walter Braga Netto (PL), por meio de trocas de mensagens via WhatsApp. 

Na conversa, Braga Netto diz: "Deixa ele com o PR [Presidente da República], que eu já sei qual é o assunto". Em um áudio interceptado pela PF, gravado em 8 de novembro de 2022, Mauro Cid relata a um interlocutor (segundo a PF, aparentemente endereçado ao então comandante do Exército, general Freire Gomes) que Jair Bolsonaro estava recebendo visitas pessoais para “pressioná-lo a tomar medidas mais fortes para reverter o resultado das eleições”.

Luis Carlos Heinze foi um dos integrantes da tropa de choque do governo Bolsonaro na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, em 2021. Na época, o então relator, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), chegou a propor a inclusão de Heinze entre os alvos de pedido de indiciamento.

O senador gaúcho era acusado por colegas de comissão de espalhar informações falsas sobre os tratamentos para pacientes com Covid-19. Ele utilizava seu espaço de fala durante as sessões, inclusive, para defender medicamentos cuja eficácia contra a doença não era comprovada, além de difundir o chamado "tratamento precoce", também sem eficácia comprovada.

Em novembro de 2022, Heinze participou de uma audiência no Senado na Comissão de Fiscalização e Controle do Senado na qual participantes apontavam problemas no processo eleitoral de 2022 e criticavam o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A audiência teve a presença majoritária de aliados do ex-presidente. No ato, Heinze fez um discurso dizendo que "criminosos querem voltar ao poder".

“E não podem voltar ao poder. Faremos de tudo o que for necessário. Não, não arredaremos o pé dos nossos direitos. Vocês, que estão protestando - e é legítimo -, e nós faremos a nossa parte. Estamos juntos nessa empreitada, até o fim, para que a verdade seja restabelecida. E nós estamos com a verdade “, disse ele durante sessão na comissão.

Por meio de sua conta no X, antigo Twitter, o senador negou as acusações. "Diante das informações publicadas pela imprensa, venho a público esclarecer os fatos. Em nenhum momento cogitei, afirmei ou mesmo pensei em sequestrar, ou confiscar uma urna eletrônica", escreveu.

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