Ataque aos poderes

PGR diz que PMDF sofreu 'contaminação ideológica' e incentivou ataques do 8/1

Agentes de segurança do governo de Ibaneis Rocha (MDB) teriam até impedido a Força Nacional de atuar contra a tentativa de golpe de Estado, segundo a PGR

Por Renato Alves
Publicado em 18 de agosto de 2023 | 09:47
 
 
 
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Além de não agir para impedir a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro, o comando da Polícia Militar do Distrito Federal agiu deliberadamente para facilitar e até estimular a ação dos vândalos que visavam impedir a continuidade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por meio de uma intervenção das Forças Armadas. Os agentes de segurança do governo de Ibaneis Rocha (MDB) teriam até impedido a Força Nacional de atuar contra a tentativa de golpe de Estado.

As informações estão na denúncia de mais de 200 páginas apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal (STF) nesta semana e que embasou a operação deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (18) e que resultou na prisão da cúpula da PMDF em razão dos atos criminosos de 8 de janeiro. Foram presos, de forma preventiva, sete oficiais, incluindo o atual comandante da corporação, coronel Klepter Rosa Gonçalves, e o ex-chefe da PMDF Fábio Augusto Vieira. 

A PGR acusou os comandantes da PMDF de “aderirem a teorias conspiratórias” e disseminarem mensagens com “teor golpista” para impedir a posse de Lula e, depois de 1º de janeiro, quando o petista assumiu a Presidência da República, que ele se mantivesse no Palácio do Planalto.

Na denúncia feita ao STF, a procuradoria elencou uma série de mensagens, vídeos e áudios trocados entre os oficiais durante e depois das eleições de 2022. Segundo a PGR, isso acabou “gerando um clima social de polarização político-ideológica e de desconfiança nas instituições republicanas”.

Ao contrário do que alegam os acusados, o governador Ibaneis Rocha e seus assessores, não houve um “apagão” na segurança pública do DF, mas uma conivência e até participação deliberada com os atos de 8 de janeiro, conforme a denúncia do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos da PGR. Tudo, segundo a Procuradoria, porque o comando e outros integrantes da PMDF queriam o mesmo que os vândalos, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"É mencionada, por exemplo, a constatação de que havia profunda contaminação ideológica de parte dos oficiais da Polícia Militar do DF 'que se mostrou adepta de teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais e de teorias golpistas", ressaltou em nota a PGR, que fez os pedidos de prisão.

Outro motivo para as prisões, diz a PGR, foi o fato de a cúpula da PM ter recebido informações do seu serviço de inteligência sobre a possibilidade de ataques aos prédios públicos antes do 8 de janeiro e, segundo a denúncia, nada ter feito para impedir. As informações, diz, “indicavam as intenções golpistas do movimento e o risco iminente da efetiva invasão às sedes dos Três Poderes”.

“Segundo as provas existentes, os denunciados conheciam previamente os riscos e aderiram de forma dolosa ao resultado criminoso previsível, omitindo-se no cumprimento do dever funcional de agir”, disse a PGR em nota.

São alvos da investigação:

  • Coronel Fábio Augusto Vieira, era o comandante-geral da PMDF no 8 de janeiro;
  • Coronel Klepter Rosa Gonçalves, ex-subcomandante da PMDF, nomeado comandante-geral em15 de fevereiro;
  • Coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, ex-comandante do Departamento de Operações, que saiu de licença;
  • Coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, que substituiu Naime no 8 de janeiro;
  • Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, ex-chefe do 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF;
  • Major Flávio Silvestre de Alencar;
  • Tenente Rafael Pereira Martins.

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