ESQUEMA

Servidor do MPF fez lavagem de dinheiro para traficar armas, aponta PF

Empresas de fachada foram utilizadas para abastecer PCC e Comando Vermelho com armamento; PGR pede afastamento

Por Levy Guimarães
Publicado em 11 de dezembro de 2023 | 19:58
 
 
 
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Um servidor do Ministério Público Federal (MPF) identificado como Wagner Miranda é apontado pela Polícia Federal (PF) como operador de um esquema de tráfico internacional de armas e lavagem de dinheiro.

Wagner Miranda, que trabalha como analista no MPF, foi alvo da operação Dakovo, deflagrada na semana passada para investigar um grupo suspeito de ter entregue mais de 43 mil armas de fogo para chefes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Comando Vermelho (CV), as duas maiores organizações criminosas do país. No total, cerca de R$ 1,2 bilhão teriam sido movimentados.

O esquema teria sido operado por meio de empresas de fachada do servidor, usadas para dar um verniz de legalidade ao dinheiro movimentado pela venda de armas ilegais. Uma delas teria sido a Bravo Brasil, que recebeu R$ 100 mil em julho de 2022 e mais R$ 50 mil em outubro daquele mesmo ano. As duas operações foram feitas usando dinheiro em espécie.

Segundo a PF, o sócio de Wagner na empresa, Raimundo Pereira, era registrado como trabalhador doméstico, de 2007 a 2016, e como trabalhador agropecuário. No entanto, a Bravo Brasil não possui funcionários em seu quadro e nem atividades. O dado reforça a suspeita de que a organização serviria apenas como fachada para operações ilegais.

Outras empresas registradas com o mesmo endereço da Bravo Brasil, a DDM Aviação LTDA e para David Carlos Ferreira LTDA receberam três depósitos no valor total de R$ 53 mil. Tudo parte do suposto esquema para “lavar” dinheiro.

Os investigadores pedem ao MPF o afastamento de Wagner Miranda, apontando que ele “possui livre acesso a sistemas e dados internos, podendo, eventualmente, acessar informações sensíveis relacionadas à operação e, ainda, possui cadastro ativo no PJE do TRF1ª Região como servidor do MPF, de modo que tem acesso a todos os processos, inclusive aqueles classificados com sigilo, o que denota a necessidade de seu afastamento".

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