O ano de 2020 foi marcado por muitas incertezas em todos os sentidos. Para a educação, o cenário não foi diferente. Com a pandemia da Covid-19, a educação precisou desenvolver respostas rápidas e efetivas, integradas às ferramentas digitais, para minimizar os graves impactos no aprendizado dos alunos causados pelo distanciamento social. 

Em Minas Gerais, tanto as escolas particulares quanto as públicas estaduais desenvolveram planos de continuidade da educação básica por meio do ensino remoto. A Secretaria de Estado de Educação (SEE) criou o Regime Especial de Atividades Não Presenciais (Reanp), elaborado com vistas a restabelecer o vínculo entre escola e estudante para atuação como meio de combate à evasão escolar e como forma de apoio, cuidado e carinho aos estudantes, já fragilizados pelos acontecimentos.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em parceria com a Global Education Innovation Initiative, da Harvard Graduate School of Education, elaborou um roteiro para orientar o desenvolvimento de estratégias de educação específicas para o contexto da pandemia. Entre as estratégias apresentadas, destacam-se a necessidade de reorientação das metas curriculares durante o período de distanciamento social; a manutenção de relações sociais efetivas entre alunos e educadores; e a ampliação do acesso a dispositivos e conectividade para os alunos que não os possuem.

Além disso, a Unesco destaca que manter as escolas fechadas por muito tempo pode agravar ainda mais as desigualdades de aprendizagem no país, impactando em especial as crianças em situação de vulnerabilidade. Nesse sentido, pesquisas sugerem a reabertura gradual das escolas, mantendo os protocolos de segurança e o monitoramento dos índices de contágio, como foi feito por países como Alemanha, Inglaterra e Bélgica.

Em estudo da Secretaria Nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, de autoria de epidemiologistas, médicos e pesquisadores, baseado na experiência de mais de 15 países que retornaram às aulas e nas evidências científicas do assunto, foi demonstrado que crianças apresentam suscetibilidade significativamente menor à infecção pela Covid-19 do que adultos, representando apenas 2% dos casos globalmente e 24% da população mundial, e ainda que a doença é menos agressiva nelas do que a gripe (influenza).

Ainda segundo guia publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), embora haja registro de casos excepcionais, a maioria das evidências de países que reabriram as escolas, ou nunca fecharam, sugere que o retorno às aulas não foi associado ao aumento na transmissão da doença na comunidade. 

Em meio a tantas variáveis e incertezas, me preocupam a queda na aprendizagem das crianças e jovens e o impacto psicológico do distanciamento social em suas vidas. É por isso que considero as atividades escolares essenciais e reitero a urgência de retomar as discussões a respeito do retorno às aulas presenciais no Estado, ressaltando, sempre, o alinhamento com os protocolos sanitários e o compromisso com o desenvolvimento das nossas crianças. Vamos retomar esse debate?