Ex-chefe do Gabinete Militar do governo de Minas, coronel Evandro Geraldo Ferreira Borges pediu para deixar o cargo no início desta semana após não ter sido consultado sobre a redação de um decreto do governador Romeu Zema, publicado na última quinta-feira, que dispõe sobre a criação do cargo de assessor militar para atuar em municípios e em outras autarquias – o que, na prática, coloca militares aposentados para retornar à ativa. Feito à revelia do próprio Gabinete Militar e da PM mineira, o decreto foi motivo de questionamento de setores da corporação. Pressionado e irritado por não ter sido consultado, o coronel avisou ao governador que deixaria o cargo ainda no fim de semana.

A ideia de colocar militares da reserva e aposentados na ativa tem sido alimentada por Zema e seus auxiliares desde janeiro. Na PM, existe a teoria de que o decreto já seja o início das providências para a realização do acordo de recuperação financeira do Estado junto ao governo federal. Sem poder realizar promoções nem concurso público, usar os militares da reserva como reconvocados já seria uma saída para minimizar os impactos com a classe. O desgaste do coronel Borges com membros do governo também já vinha há algum tempo. O esquema de segurança do governador, por exemplo, não seguia as indicações do Gabinete Militar.

Questionado pela coluna, o governo afirmou que o coronel Borges foi exonerado “a pedido” e que o Decreto 47.675 é “uma atualização do Decreto 39.353, de 1997, e a única alteração feita foi a inclusão do Tribunal de Contas no rol de órgãos que recebem os servidores mencionados”. O governo ainda negou “qualquer correlação entre o decreto e o Regime de Recuperação Fiscal”.