A malha rodoviária de Minas Gerais é conhecida nacionalmente pela situação precária, com um dos trechos sendo até mesmo apelidado como “rodovia da morte”. A fama pode ser explicada pelo fato de que 70,6% da malha rodoviária pavimentada no Estado apresenta algum tipo de problema. No ano passado, esse número era de 61,3%.
A situação é ainda mais preocupante se comparada com a média nacional, na qual 59% das estradas é considerada regular, ruim ou péssima. Os dados constam na 23ª Pesquisa CNT de Rodovias, divulgada na manhã desta terça-feira (22).
O levantamento da Confederação Nacional do Transporte avalia toda a malha federal pavimentada e os principais trechos estaduais, também pavimentados. Em 2019, foram analisados 15,3 mil quilômetros em Minas Gerais e 108,8 mil quilômetros em todo país.
Em toda extensão das estradas mineiras, a entidade identificou 21 pontos críticos, sendo 17 erosões na pista, uma queda de barreira e três trechos com buracos grandes. Segundo a pesquisa, no país, o aumento de pontos críticos foi de 75%.
Mas, para recuperar as rodovias de Minas Gerais com ações emergenciais, de manutenção e de reconstrução, a Confederação estima que seriam necessários R$ 6,67 bilhões. Em todo Brasil, a previsão do montante chega a R$ 38,6 bilhões.
Prejuízo x investimento
Além da perda de vidas nesses locais, o prejuízo gerado pelos acidentes no Estado foi o maior de todo país. Em 2018, foi de R$ 1,26 bilhão. O cálculo leva em conta os prejuízos com veículos, cargas, despesas médico-hospitalares, além da perda de produção das pessoas que morrem nas rodovias.
O valor, inclusive, é maior que a quantia investida pelo governo federal nas rodovias mineiras nesse mesmo período. Foram R$ 717,50 milhões com obras de infraestrutura rodoviária de transporte.
“Isso significa, em outra leitura, que se fosse priorizado o investimento na melhoria das nossas estradas faria com que o próprio SUS economizasse. Investir na infraestrutura gera emprego, gera renda, faz com que o capital mova e vamos ter como consequência a redução de acidentes, menos aposentadorias precoces e menos pessoas com tratamento no SUS”, destacou o presidente da CNT, Vander Costa.
No país, foram R$ R$ 9,73 bilhões gastos com as consequências dos acidentes registrados em 2018 e outros R$ 7,48 bilhões com melhorias nas vias.
Concessão também apresenta piora
A pesquisa também aponta uma piora do estado geral das estradas entregues para a iniciativa privada. Neste ano, 25,3% da extensão das rodovias concedidas foi avaliada como regular, ruim ou péssimo, enquanto que no ano passado o índice foi de 18,1%. Mesmo assim, o presidente da CNT avalia que a entrega das vias para a concessão é a melhor alternativa.
“No momento é a alternativa tendo em vista que não temos recursos públicos. Resta a iniciativa privada que tem capital e vontade de investir. Basta termos um marco regulatório que incentive o investimento, mas propicie também uma economia para o usuário. É uma preocupação fazer com que tenha o pedágio, mas com um custo que permita o brasileiro de continuar usando a rodovia”, avalia Vander Costa.