Apresentado nesta terça-feira, dia 2, o relatório do senador Carlos Viana (PSD-MG) na CPI de Brumadinho do Senado não caiu tão bem para membros da comissão do mesmo tema na Câmara. Na avaliação do presidente do colegiado da Casa vizinha, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), Viana “forçou em algumas partes e tirou o peso em outras”. “Eu achei engraçado isso, forçar a barra em uma parte e tirar o peso em outra. Colocar o homicídio sem dolo, para mim, é uma clara intenção de tirar os culpados de um julgamento sem júri, seria uma manobra jurídica, é tentar tirá-los do processo normal do Judiciário”, argumentou.

No relatório de Viana, o senador pediu o indiciamento de 14 pessoas, sendo o presidente afastado da mineradora Vale, Fabio Schwartsman, por homicídio culposo. “Foi um relatório brando de uma CPI que não se aprofundou no caso dos diretores. Nós, na CPI da Câmara, vamos dar nomes mesmo”, concluiu Delgado, apontando que a tendência, até o momento, é que o relatório feito no seu colegiado indique homicídio doloso para a direção da Vale. O prazo para a apresentação do texto na Casa é início de agosto.

Questionado sobre as falas de Delgado, Viana minimizou a divergência. “Caminhamos para o homicídio culposo porque, no julgamento sobre Mariana, a Justiça desqualificou o doloso. É por isso, é uma questão justamente de não atrasar a Justiça neste caso”, apontou o senador, que indagou, ainda, se o deputado teria lido o relatório final, uma vez que o texto só foi disponibilizado ontem. Delgado disse ter acompanhado a leitura feita por Viana na sessão. 

Desde que a tragédia ocorreu, tem havido certa animosidade na relação entre parlamentares. Inicialmente, parte da bancada mineira defendia a criação de uma comissão mista, com deputados e senadores. Depois, com a criação da CPI no Senado, a Câmara também decidiu criar o seu próprio colegiado.